Em depoimento, Mark Milley defende conversas telefônicas com general chinês

O general do exército e presidente da junta de Chefes de Estado-Maior dos Estados Unidos, Mark Milley, defendeu nesta segunda-feira, 27, as duas ligações telefônicas que fez a seu homólogo chinês, Li Zuocheng, durante os últimos dias do governo Donald Trump. Em depoimento ao Congresso americano, o mais alto oficial militar dos EUA disse que seu objetivo era tranquilizar a China, respondendo a “informações da inteligência” de que o país se preocupava com um ataque americano.

“Eu sei, tenho certeza, de que o presidente Trump não pretendia atacar os chineses. E era minha responsabilidade transmitir essa intenção”, disse Milley ao Comitê de Serviços Armados do Senado. “Minha tarefa naquela época era diminuir a escalada. Minha mensagem novamente foi consistente: fiquem calmos, firmes e diminuam a escalada. Não vamos atacar vocês.”

As conversas foram detalhadas no livro Peril, dos jornalistas Bob Woodward e Robert Costa, do The Washington Post, gerando grande controvérsia. Alguns legisladores afirmaram que Milley extrapolou sua autoridade e pediram que o presidente Joe Biden o despedisse. Trump classificou Milley de traidor, chamando-o de “um completo maluco” e afirmou que nunca soube do caso.

Em seus comentários mais extensos sobre o assunto até o momento, Milley disse que as ligações em 30 de outubro e 8 de janeiro foram totalmente coordenadas com os secretários de defesa da época, bem como com outras agências de segurança nacional dos EUA. Ele também afirmou que essas comunicações de militar para militar são fundamentais para evitar guerras entre grandes potências que possuem armas nucleares.

As ligações aconteceram durante os últimos meses turbulentos de Trump no cargo, enquanto ele questionava os resultados das eleições de 2020. A segunda ligação veio dois dias depois de 6 de janeiro, quando uma multidão violenta atacou o Capitólio dos EUA em uma tentativa de impedir o Congresso de certificar a vitória de Biden na Casa Branca.

Milley disse que a ligação de outubro foi feita sob a direção do então secretário de Defesa, Mark Esper, e a segunda foi feita a pedido dos chineses e coordenada com o gabinete do então secretário de Defesa, Chris Miller.

Milley também atendeu a uma ligação que recebeu da presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Ele disse que Pelosi “me ligou para perguntar sobre a capacidade do presidente de lançar armas nucleares. Procurei assegurar a ela que o lançamento nuclear é governado por um processo muito específico e deliberado.” Ele disse que assegurou a ela que embora o presidente seja a única autoridade em termos de lançamento nuclear, “ele não os lança sozinho”.

O livro afirma que, durante a chamada, Milley concordou com a declaração de Pelosi de que Trump estava sofrendo um declínio mental após a eleição. Durante a audiência de terça-feira, Milley tentou desviar o assunto. “Não estou qualificado para determinar a saúde mental do presidente dos Estados Unidos.”

Milley disse que após o término da ligação, teve uma breve reunião com a equipe para revisar o processo. Ele também disse que informou Miller sobre a ligação na época. “Em nenhum momento eu tentei mudar ou influenciar o processo, usurpar autoridade ou me inserir na cadeia de comando, mas devo, sou obrigado, a dar meu conselho e garantir que o presidente esteja totalmente informado”, disse.

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