Caso da arma do presidente: repercussão fica apenas no discurso

A detenção do presidente da Câmara Municipal de Toledo, vereador Edimilson ‘Dudu’ Dias Barbosa realizada pela Polícia Militar repercutiu na sociedade e durante a sessão ordinária na segunda-feira (1º). Dudu Barbosa foi flagrado, na última sexta-feira (28), em posse de uma arma de fogo, no distrito de Novo Sobradinho, interior de Toledo. Além do flagrante o presidente também publicou uma fotografia fazendo o sinal de ‘arminha’, o que chamou a atenção da comunidade e dos colegas.

Mas, como em outras oportunidades dentro da atual Legislatura, o caso ficou apenas restrito aos discursos. Não foi apresentado nenhum documento pedindo explicações ao presidente ou uma denúncia formal junto ao Conselho de Ética.

O Professor Oseias Soares destacou que os vereadores foram zombados por uma atitude do presidente da Casa. “A fotografia fazendo o sinal de arma em um bar foi sinal de sarcasmo. A Câmara de Vereadores é um recorte da sociedade. Muitas pessoas ficaram preocupadas com o impacto ocorrido. Inclusive alguns policiais militares conversaram comigo e, de certa maneira, a foto é complexa”.

O vereador citou os artigos quarto e quinto do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Toledo. O artigo quarto aborda os principais deveres éticos que orientam as condutas dos vereadores, como “a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais devem nortear o vereador, tanto no exercício do mandato quanto fora dele, refletindo a essência do Poder Legislativo”. Já o artigo quinto traz que “no exercício de suas funções, os vereadores devem pautar-se pelos padrões éticos, especialmente no que tange à integridade, moralidade, clareza de posições e decoro, visando inspirar o respeito e a confiança da população de Toledo”.

“A sociedade quer nos ouvir. Ela quer saber se concordamos ou não com essa situação. Os ‘olhos do povo’ estão voltados aos vereadores. Por isso, no exercício de suas funções, os vereadores devem se pautar pelos valores éticos buscando o respeito e a confiança da população. Se houver falhas, precisamos ter clarezas das atitudes. A Polícia errou? A Justiça errou? O Ministério Público errou? Senhor Presidente, o senhor não representa o seu nome, representa o Legislativo”.

Para o vereador Jozimar Polasso, se existe algo de errado deve ser provado ou comprovado na Justiça. “O que questiono é a presença dos servidores naquele momento, como secretário Municipal (Diego Bonaldo). Talvez ele estivesse em um local não apropriado”.

Valtencir Careca enfatizou que a população e os demais parlamentares aguardavam o posicionamento de Dudu Barbosa. O primeiro-secretário, o vereador Valdomiro Bozó, comentou que caso tenha ocorrido um erro, ele precisa ser esclarecido. O vereador Damião Santos mencionou a repercussão do final de semana e disse que a Justiça deve ser feita. “Que seja feita a ‘coisa’ certa e a realidade”.

PROPORÇÃO

O vereador Marcelo Marques exemplificou se a situação ocorrida com Dudu Barbosa acontecesse com um cidadão, considerado comum, a discussão não teria tamanha proporção, pois o nível de cobrança ao vereador é maior. “O nível de cobrança a um parlamentar é profundo e sério. É preciso entender que a posição e a cobrança da comunidade sempre serão fortes e contundentes. Muitas pessoas achavam que apesar da familiaridade em muitos aspectos que não abordaria essa situação, quero que todos saibam que nunca ‘queimarei’ a minha posição”.

O vereador Chumbinho da Silva disse ter recebido inúmeras mensagens sobre o assunto. Se alguém deve; alguém deve pagar. Se não foi ilegal, no mínimo foi imoral. Quando você assume um cargo eletivo, você deve ser exemplo para a sociedade. Tudo que é feito por um homem público repercute muito mais na comunidade. Se tivermos que fazer alguma representação, nós faremos. É questão de ética moral e bons costumes. Nós temos um regime interno e um Código de Ética e eles precisam ser respeitados”.

Para a vereadora Olinda Fiorentin, cada colega possui uma missão e toda as ações precisam estar amparadas pela legislação. “Defendemos a realização de uma política pública, isso significa que estamos do lado do bem. Mas quando erramos devemos assumir o nosso erro”. Olinda complementou que os parlamentares vivem um momento de pré-campanha eleitoral e o perfil de cada candidato será analisado pelo eleitor. “Nesta Casa de Leis, eu precisei estudar o Regimento Interno. Por isso, aconselho colegas a estudarem também o Código Penal. Acredito que o comportamento infeliz do vereador não é a sua herança familiar. A minha arma na minha bolsa é um rosário que ganhei da minha mãe. Peço proteção divina para minha família e amigos e rezo pelos meus inimigos”.

O vereador Roberto de Souza destacou a responsabilidade de cada parlamentar com o seu mandato. “Sou contra ao fato ocorrido. Mas cada vereador precisa ser responsável por cada palavra, texto e vídeo gravados, pois somos o espelho da sociedade”. Souza mencionou que somente após o posicionamento de Dudu Barbosa, será possível avançar no debate. “Foi um erro grave da parte dele”.

Para o vereador Gabriel Baierle, o presidente Dudu Barbosa não cometeu erros. “Parecemos que estamos em um Seminário nesta Câmara pelo número de moralistas. O cara que assedia moralmente, está apontando o dedo. O cara que bate em mulher, aponta o dedo. Na minha visão, existe erro quando ele não tem a guia de transporte da arma. Ao falarmos de hipocrisia, cada vereador sabe um pouco da vida de cada um e aqui não tem ninguém Santo”, criticou Baierle.

Da Redação

TOLEDO

Presidente nega ter cometido qualquer ilegalidade

Num tom irônico, o vereador Dudu Barbosa afirmou que precisava pedir desculpas aos colegas que passaram o fim de semana respondendo por uma ação cometida por ele.

Não cometi crime algum. Não atentei a vida de ninguém, ao meio ambiente ou ao patrimônio público”, disparou o presidente ao iniciar seu discurso. Dudu Barbosa explicou que existe uma suposta prática de delito contra o seu nome, porém nenhum artigo a comprova. “Das 935 mil armas cadastradas no Brasil, mais de 300 mil são de nove milímetros e de uso restrito. O meu registro é até 2032. A minha arma é declarada e documentada pela Polícia Federal”, comentou.

Ele ainda citou ter a nota fiscal referente à compra das munições. “Se tem a autorização da Polícia Federal e do Exército não há delitos. Ambos servidores bateram os pontos antes de sair da Casa de Leis”, frisou ao comentar sobre a presença de servidores públicos no local.

O presidente da Câmara salientou também que as pessoas realizam julgamentos preliminares e destacou a hipocrisia intrínseca existente na sociedade. “Poderíamos exemplificar diversos crimes de condutas, como sair com um amigo para jantar, tomar uma bebida alcóolica e retornar para casa dirigindo o seu carro. Precisamos parar com a hipocrisia. Sou uma pessoa comum como todos as outras. Criticar o meu trabalho, ninguém conseguiu encontrar algo. Fico um pouco triste”.

Sobre a fotografia realizada em um bar, Dudu Barbosa outra vez usou da ironia ao mencionar que achava que ela incomodaria somente a esquerda. “Por fim, como cidadão de bem, acredito que todas as pessoas precisam ter uma arma para defender os seus bens e a sua família. O que eu fiz não tem prática de ilegalidade ou de moralidade. Se é imoral ter uma arma e comprar munições legalizadas, eu preciso rever os meus conceitos”.

Da Redação

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