Do Brás à Ipiranga com São João, SP quer renovar ruas temáticas
Os selecionados pela gestão Ricardo Nunes (MDB) ou com projetos do setor privado são: Avenida Ipiranga com foco na “esquina histórica” com a Avenida São João), na República; Ruas Tiers e São Caetano (“a Rua das Noivas”), no Brás; Ruas General Osório (“das Motos”) e Santa Ifigênia (“dos Eletrônicos”); Rua Florêncio de Abreu (“das Ferramentas”), na Sé; Rua Doze de Outubro, na Lapa; Alameda das Flores, na Bela Vista; Largo 13 de Maio, em Santo Amaro; e Largo Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Ó. A obra na Ipiranga com São João, por exemplo, deve ficar pronta no segundo semestre de 2022.
“O objetivo é transformar em locais mais dinâmicos, seguros e democráticos, onde todos consigam conviver e aproveitar”, afirma o secretário de Urbanismo e Licenciamento, César Azevedo. Segundo ele, o impacto social e econômico da pandemia também motivou a iniciativa, voltada a potencializar a “retomada econômica e de uso” da cidade e atrair frequentadores e novos moradores para o centro.
As mudanças variam com o perfil de cada área. Entre os pontos de mais atenção, estão a mobilidade a pé (reforma de calçadas e novas faixas de pedestre), mobiliário urbano (bancos, floreiras e afins), sinalização temática (como placas de rua) e iluminação cênica (para imóveis emblemáticos).
‘ACUPUNTURA URBANA’
Azevedo fala em “acupunturas urbanas”, conceito difundido no Brasil pelo urbanista Jaime Lerner, de que ações pontuais e de menor porte podem dar resultados. Um dos principais exemplos na cidade são os Centros Abertos, criados na gestão Fernando Haddad (PT) e ampliados nas seguintes, com deques de madeira, mobiliário móvel e atividades de lazer, esporte e cultura ao ar livre.
Na prática, nem todos os Centros Abertos deram o mesmo resultado. Os mais bem avaliados em pesquisas de anos anteriores da Prefeitura são os de áreas de maior movimentação do centro (como o do Largo São Bento e da Liberdade), enquanto o perto da Cracolândia não tem esse retorno. O isolamento social e a crise econômica na pandemia também aumentaram o uso de deques como dormitório pela população em situação de rua.
A comparação expõe o que especialistas falam há anos sobre o centro: medidas específicas têm resultados limitados diante das demandas sociais da região. O que a Prefeitura argumenta é que todos os programas para a área estão interligados e que intervenções urbanas serão feitas em paralelo a iniciativas, como na habitação, na zeladoria e na mobilidade, e que o projeto envolve ouvir atores da vizinhança.
Recentemente, contudo, o projeto para a Rua Tiers enfrentou críticas de comerciantes ambulantes que temem ser expulsos da área, também conhecida pela Feira da Madrugada. Para a área, é previsto um bulevar coberto, inspirado em Amsterdã, com calçadão para pedestres e fiação urbana aterrada. Segundo Azevedo, só os que trabalham sem cadastro no Município terão dificuldades para trabalhar no local.
O projeto da Tiers, de R$ 15 milhões, será pago pela Federação dos Varejistas e Atacadistas do Brás (Fevabras), que representa 10 mil comerciantes. Parcerias com a iniciativa privada são um dos focos da Prefeitura. “Queremos ter uma parada de Natal no Brás, requalificar o espaço”, diz Gustavo Dedivitis, presidente da Fevabras. “Também trazer consumidores de bairros nobres.”
ESTÁTUAS E PLACAS ‘RETRÔ’
O primeiro projeto da Prefeitura no programa é a “Esquina Histórica”: intervenções no entorno da Ipiranga, sobretudo no icônico cruzamento com a São João. A licitação da obra terá abertura de envelopes de propostas dia 22, com contrato estimado em R$ 5 milhões e execução em seis meses.
O principal eixo é o trecho da Ipiranga entre a Praça da República/Rua 24 de Maio e a Avenida Rio Branco, que terá reforma e alargamento de calçadas, faixa de pedestre com cruzamento diagonal, postes de iluminação, semáforos e placas de identificação de rua “retrô” (com suporte de ferro e iluminação de LED).
Cada esquina do cruzamento terá uma escultura em tamanho natural e com ambientação sonora. Os homenageados são os músicos Adoniran Barbosa (com seu cão) e Paulo Vanzolini, além das profissões de fotógrafo de lambe-lambe e tocador de realejo. São previstas medidas de “traffic calming” (redução da velocidade de tráfego de veículos) , rebaixamento da guia da calçada e iluminação de fachadas de prédios históricos.
O outro trecho é a praça no encontro das ruas Conselheiro Nébias e dos Timbiras com a São João, com melhora de calçadas e da iluminação.
“Nosso entendimento é de que as pessoas têm cada vez mais vontade de frequentar o centro, mas não se sentem estimuladas e ficam inseguras”, diz Caire Aoas, sócio do Fábrica de Bares, que gere o Bar Brahma, na esquina. “Muitas vezes as pessoas vão (no cruzamento) com imagem até mais grandiosa do que o espaço apresenta de opção de consumo cultura, história. Há certa frustração.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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