Dia Mundial da Saúde Mental: a importância dos cuidados em tempos de pandemia

Ontem (10) foi celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental. Em tempos de pandemia, cuidar da saúde é um assunto em pauta e é abordado em todos os seus aspectos. A data ganha ainda mais representativa e serve como alerta para que a mente também seja cuidada.

A Federação Mundial de Saúde Mental foi a entidade que instituiu a data no ano de 1992. Desde então, ocorreram muitos avanços, preconceitos foram desmistificados, contudo, a classe profissional salienta que ainda é preciso avançar e muito.

“As datas comemorativas reforçam a importância de uma luta importante como essa e trazem à tona discussões sobre como recuperar ou manter a saúde mental”, declara o médico psiquiatra, Ronan D’Ávila. “Mas os cuidados para que mantenhamos a boa saúde são diários”.

Segundo o médico, ainda há resistência de parte da sociedade, pois existe a crença cultural de que, tudo o que sentido ou pensado pode ser controlado pela própria pessoa. “Não ‘dominar’ o que se sente seria, com base nesse preconceito, um sinal de fracasso. No entanto, podemos nos sentir de uma maneira diferente do habitual, sem que consigamos mudar o sentimento. Isso acontece porque os sentimentos são produzidos pelo cérebro, um órgão como qualquer outro. Aceitamos bem tratar o coração, os ossos e o pulmão mas resistimos em aceitar ajuda para questões relacionadas ao cérebro. A família tem um papel fundamental, fornece suporte e deveria enxergar um quadro de doença tal como doença, sem julgamentos ou críticas desnecessárias. Estimular alguém a procurar e aceitar pode salvar uma vida”.

Para o psiquiatra ter saúde mental significa estar apto e com estrutura para administrar os desafios da vida. “Não é sinônimo de ausência de angústias, essas todos temos. Em caso de doença, no nível individual o tratamento médico e psicológico são necessários. Na esfera mais coletiva, é importante ter uma boa rotina de sono, alimentação, atividade física, evitar excessos nas redes sociais, reduzir ou interromper o uso de substâncias (álcool, nicotina, cafeína ou outras) é imprescindível, ter reforçadores (prazeres) e cumprir com suas funções e obrigações na sociedade também ajudam muito na criação de uma noção de sentido e pertencimento”, recomenda Ronan.

SAÚDE MENTAL EM PAUTA – Para a psicóloga, Jane Patti, a evolução é um processo gradativo, exige estar aberto para o novo e isso também acontece em relação a saúde mental. “As doenças, os transtornos, as síndromes precisam ter a mesma atenção que os casos físicos, se sofremos algum tipo de adoecimento físico e não cuidamos, não tratamos, ou ignoramos, podemos colocar toda nossa saúde em risco e chegarmos a uma situação irreversível”.

Jane aponta que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde mental está ligado ao estado de bem-estar físico, mental e social. Ela declara que a OMS considera a saúde mental uma prioridade e deve receber a atenção necessária.

“A OMS salienta que a data deve servir como um sinal de alerta, mas os cuidados precisam ocorrer todos os dias. Precisamos estar com o alerta ligado e prestar a atenção em tudo, pois mudanças no sono podem indiciar algum problema, as alterações no apetite, na disposição e no ânimo para realizar as atividades do cotidiano, são alguns exemplos que podem indicar um problema de saúde mental”, salienta Jane.

SAÚDE MENTAL x PANDEMIA – “A pandemia afeta a população de duas formas. A primeira se dá pelo próprio isolamento, maior no início, pelo luto de tantas perdas de pessoas próximas e pela experiência de ter se contaminado e se sentir ameaçado, com receio de uma piora a qualquer momento para a forma grave do covid19. São impactos psíquicos e ambientais, do contexto. A segunda forma é através da síndrome pós-Covid, um efeito direto do vírus sobre o sistema nervoso central, podendo causar, mesmo depois da cura, pensamento lento, falta de memória, sintomas depressivos, insônia e ansiedade”, alerta o médico psiquiatra, Ronan D’Ávila

A psicóloga, Jane Patti comenta que o acréscimo dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais podem acontecer por diversas causas, especialmente, neste período de pandemia. Ela cita que a Covid-19 tem causado muito estresse e medo, como a perda de entes queridos, o sofrimento do luto, o distanciamento e o isolamento social, o receio em ficar doente e de se curar quando foi infectado, as consequências econômicas, entre outras particularidades de cada pessoa.

“Todos têm problemas e já conviviam ou buscavam a solução, quando em março de 2020, todo o mundo ‘virou de ponta cabeça’. Isso fez com que estivéssemos, e ainda estamos, expostos a outros riscos, outras adversidades e o pior sem saber como lidar com isso, pois tudo era novo. Essas condições tendem a elevar o risco para desenvolver ou para agravar transtornos mentais já existentes, ou seja, potencializou os casos”, alerta Jane.

De acordo com a psicóloga, depressão e ansiedade são as situações que mais tem acometido a população. “Estamos lutando contra todos os medos e sensações da ansiedade e depressão, o momento exige atenção e cuidado. Vale ressaltar que apesar de estarmos nervosos, cansados e preocupados podemos superar e resistir. Cada pessoa precisa se auto avaliar, estar atento aos sinais e ouvir as pessoas próximas quando se mostram preocupados. Ficar em alerta e não descuidar da saúde mental é muito importante”, declara.

“Em caso de doença, no nível individual o tratamento médico e psicológico são necessários”, cita o médico psiquiatra, Ronan D’Ávila – Foto: Arquivo Pessoal

Da Redação

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