É celebrado o Dia do Filósofo nesta sexta-feira (16). Aristóteles, Platão e Sócrates são nomes conhecidos e que são considerados por muitos autores os pilares da filosofia ocidental. A data é uma forma de enaltecer a classe e reforçar seu papel na história.
O fato de haver uma data comemorativa pelo dia do filósofo no Brasil já pode ser considerado expressão de sua valorização”, cita a professora-pesquisadora no Curso de Filosofia da Unioeste de Toledo, dra. Ester Maria Dreher Heuser. “Parece que essa data, 16 de agosto, em tese o dia do nascimento de Platão, foi indicada pelo professor Luiz Felipe Pondé. Justamente uma das figuras advindas da academia que se tornou conhecida nacionalmente e popularizou a filosofia, por meio da televisão e outras mídias”.
Ester comenta que Pondé ao lado de outros professores que também alcançaram a fama levando a filosofia para além dos muros das escolas e universidades. Tudo isso, apresenta certa perspectiva filosófica para falar de problemas cotidianos, que tocam a qualquer pessoa.
“Independentemente das vertentes de pensamento escolhidas por esses professores, de seu aprofundamento ou não, o efeito das abordagens que eles fazem nas mídias é considerável para que mais e mais pessoas se sensibilizem e busquem uma perspectiva filosófica para sair de lugares comuns, pois isto implica um esforço de pensamento que ultrapassa as ideias feitas, as respostas corriqueiras e que vai em direção à complexidade e à pluralidade”, destaca.
DEMOCRATIZAÇÃO DA FILOSOFIA NO BRASIL – Segundo a dra, outro fator que expressa o valor e a valorização da tarefa do filósofo é a produção, publicação e circulação de livros e artigos de Filosofia e de divulgação filosófica (exemplo ‘10 lições sobre Sócrates’, ‘O que Nietzsche diria’, ‘O que um estoico faria’). Ester destaca que nunca se publicou tanto como agora, além disso, os inúmeros canais de entrevistas, aulas, cursos, podcasts disponíveis na internet.
“Estamos vivendo um feliz momento de democratização da Filosofia no Brasil. Hoje, temos 54 Programas de Pós-graduação, muitos com Mestrado e Doutorado, em todas as regiões do país. O que há 20 anos estava concentrado nos grandes centros do Sul e do Sudeste se espraiou para o interior de todas as regiões, o que permitiu ampliar as pesquisas na área e a produção de dissertações e teses”.
MAIS PESQUISAS – Na análise de Ester, esse aumento de pesquisas, em meio democrático, tem promovido transformações no interior da Filosofia também, os ‘cânones’ filosóficos estão sendo postos em questão e ampliados, as temáticas e autores têm se expandido e renovado. “Não significa que estejam sendo substituídos, mas que novos campos vêm sendo abertos. Para citar alguns exemplos, começo com o que, para mim, mais marcou essa transformação e democratização: as mulheres na filosofia passaram a ser problema, tanto pela ausência de suas vozes na História da Filosofia, nas aulas e nas estantes das bibliotecas, quanto pelo que os filósofos escreveram sobre o chamado ‘belo sexo’. Isto contribuiu sobremaneira para que as mulheres fossem restringidas ao âmbito privado e doméstico, que não se cultivassem intelectualmente, nem estudassem Filosofia, associado a preconceitos de todos os tipos em relação a nós, mulheres”.
ENSINO – De acordo com dra, nesses mais de 20 anos de propostas e problematizações do ensino de Filosofia, professores-pesquisadores brasileiros, de diferentes níveis de ensino, constituíram um campo próprio, no interior da Filosofia. A classe pensa a educação em geral e o ensino de Filosofia em especial, desde uma perspectiva filosófica, criando outros sentidos para as práticas de aprender, ensinar e filosofar.
“Para muitos não há valor no que fazemos, ainda assim, seguiremos combatendo superstições, pondo em questão ideias homogêneas do tipo ‘sempre foi assim’, promovendo interrogações sobre como se dá: a divisão dos espaços e dos tempos, o que cabe a cada um, o que podemos fazer individual e coletivamente para nos relacionarmos entre nós, entre diferentes gerações, com os novos tipos de relações pessoais e interpessoais, que envolvem vigilância e controle como nunca, as novas relações entre humano-máquina, entre saber e poder, etc. A dimensão mais valorosa do humano criou a Filosofia, sabemos da importância desse valor e queremos cultivá-lo da maneira mais democrática e inclusiva possível, porque com mais pessoas, com mais inteligências e sensibilidades plurais, com o máximo de diferenças possível, é que essa criação se manterá viva e saudável”, enfatiza ao salientar que seria do Dia do Filósofo e Dia da Filósofa.
Da Redação
TOLEDO
