Portal detector de metais integrado à IoT criado na UFPR auxiliará o combate à violência escolar

O atentado ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), que culminou no assassinato de cinco estudantes e duas funcionárias da instituição em março de 2019 motivou Marcio Rodrigo Santos, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná (PPGGI –UFPR), a desenvolver uma arquitetura de hardware e software baseada na Internet das Coisas (IoT) que auxilia a prevenção e a detecção de ameaças no ambiente escolar. 

A tese de doutorado de Santos, que também é professor no Instituto Federal do Paraná Campus Colombo (IFPR), resultou em um protótipo de portal detector de metais, de custo acessível, pensado especificamente para facilitar o acesso a este tipo de equipamento em escolas de baixa renda e auxiliar no combate à violência escolar. 

Atualmente, no mercado, existem dois principais modelos de portais detectores de metais para segurança: os detectores de passagem, normalmente adotados em aeroportos, e as portas rotativas com detecção de metais, frequentemente utilizadas em bancos. “Os detectores de passagem possuem como vantagem a fluidez na passagem de pedestres, mas eles não oferecem mecanismos de impedimento da passagem caso algum objeto metálico tenha sido detectado. Já no caso das portas rotativas, a passagem dos pedestres não ocorre de maneira tão fluida, porém existe a possibilidade de impedimento da passagem caso um objeto metálico tenha sido detectado”, explica o idealizador. 

O projeto proposto pelo doutorando possui o mesmo princípio de detecção de objetos metálicos dos detectores já existentes, agregando as vantagens dos dois modelos citados – fluidez e capacidade de bloqueio da passagem – com um custo de produção que pode chegar a ser 50% menor que os modelos mais completos encontrados para comercialização, devido ao uso de componentes não convencionais, como materiais reciclados de outras aplicações, e da opção por um circuito de detecção diferente, comum para a identificação de objetos em solo. 

Outra vantagem do novo equipamento é a integração à Internet das Coisas (IoT), que possibilita a agregação do mundo digital ao mecanismo de detecção que é, nativamente, analógico, viabilizando a geração, o armazenamento e a análise dos dados gerados através da conexão sem fio com a internet.  

“A capacidade de contagem de pedestres, em ambos os sentidos, permite que os gestores acompanhem em tempo real as movimentações de entrada e saída e as detecções ocorridas, além de facilitar o cadastro de possíveis ocorrências. O aplicativo criado para o projeto também possui ferramentas para a análise estatística por turnos ou períodos. O portal oferece uma solução de geração de dados, captura, organização, processamento, manutenção e destruição dos dados, possível por meio da utilização da IoT”, revela Santos. 

Enquanto professor, o doutorando afirma que também sente, diariamente, o peso da insegurança, assim como os demais profissionais da educação, estudantes e familiares. “Percebemos a importância de medidas que minimizem a possibilidade de reaparecimento de ocorrências deste gênero. Apesar de um diálogo livre entre os atores do processo de educação ser fundamental para a desconstrução desses problemas, a tecnologia certamente é uma poderosa aliada no desenvolvimento de um ambiente escolar mais seguro. Este projeto busca exatamente essa aproximação, principalmente em locais em que o aspecto financeiro representa um fator limitante”, avalia. 

O orientador da tese, Egon Walter Wildauer, professor do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR, acredita no potencial inovador e tecnológico do projeto. “A iniciativa pode contribuir para a saúde e para o bem-estar dos estudantes em ambientes escolares e permitir que a gestão escolar oriente tutores e comunidade no sentido de evitar tragédias como as que ocorreram no passado em escolas brasileiras”. 

Em breve, o protótipo que, até o momento foi financiado particularmente por Santos e Wildauer, será instalado no campus do IFPR em Colombo para passar por um período de teste de campo. Algumas alterações ainda serão realizadas, mas o processo de escrita do pedido de patente já está em andamento. Após o depósito da patente, serão analisadas as possibilidades comerciais e de disseminação do equipamento.

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