Dengue: aumento de focos em Toledo alertam para nova epidemia

O novo período epidemiológico iniciou no dia 28 de julho de 2024. O Paraná – até a última terça-feira (27) contabilizava 5.785 notificações e 792 diagnósticos confirmados, sem mortes. Toledo – dados atualizados até a última sexta-feira (23) – estava com 218 notificações; 178 aguardando resultado e quatro casos positivos, sem nenhum óbito.

“Os números estão dentro do esperado”, cita diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Juliana Beux Konno. “Porém, estamos encontrando muitos focos com larvas nas residências e isso é um sinal ruim, pois devido ao clima não era pra ter tantos focos nessa época”.

Entre as justificativas para esses focos, segundo Juliana, envolve fatores como e resistência das larvas diante de temperaturas mais baixas, além da falta de comprometimento da população em cuidar das residências e lotes. Ela destaca que é preciso a união de esforços para combater o mosquito.

“Em relação ao vetor, observamos a adaptação as alterações climáticas, tornando apenas mais lento seu ciclo de reprodução no clima frio. Quando encontramos focos nesta época de frio e pouca chuva é um indicativo que a população não está fazendo sua parte de vistoriar os quintais e eliminar os locais com água parada. Isso nos preocupa muito, pois podemos ter um ano epidemiológico para dengue tão ou mais complicado do que o último ano”, alerta.

ANO EPIDEMIOLÓGICO ALARMANTE – No período de 1ª de agosto de 2023 a 28 de julho de 2024, o município registrou 10.234 casos positivos e 44 óbitos. No comparativo com o ano epidemiológico anterior – período de 1º de agosto de 2022 a 31 de julho de 2023 – o aumento de vítimas fatais foi de 4.400% e 926% no aumento de casos confirmados. No Estado, Toledo foi o terceiro município com o maior número de óbitos.

Cascavel (57), Londrina (52), Toledo (44), Apucarana (27) e Francisco Beltrão (19) lideraram a lista de óbitos –  foram confirmados e 610 mortes em decorrência da dengue. Foram registrados mais 8.031 casos da doença e 39 óbitos na última semana. Somados aos dados do período, o Paraná contabiliza 939.453 notificações, 595.732 casos. Londrina (40.552), Cascavel (32.338), Maringá (23.232), Apucarana (18.619) e Ponta Grossa (17.440) foram os municípios com mais casos confirmados neste período epidemiológico.

Em relação aos índices de fechamento do ano epidemiológico anterior, Toledo e todo o Estado sofreram muito com o elevado número de casos e de óbitos. Ela comenta que os fatores climáticos interferiram no período, pois foram registradas temperaturas elevadas e chuvas e isso favoreceu o desenvolvimento, o crescimento e a proliferação desse vetor.

COMBATE CONTÍNUO – “Nesta época de baixa de casos focamos muito em vistorias, orientações coletivas, bloqueio de casos suspeitos para evitar disseminação da doença, reuniões com instituições para parceria e na construção de documentos para enfrentar o período crítico, como o plano de contingência. Pedimos que a população faça a sua parte, não somente no período mais crítico para dengue, mas o ano todo, pois só assim conseguiremos combater a dengue, ou seja, com trabalho conjunto”, reforça.

DENGUE MATA – O chefe da 20ª Regional de Saúde, Fernando Pedrotti, enfatiza a gravidade da dengue. “A dengue tem quatro subtipos virais que são Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Teoricamente, se o paciente já teve dengue do tipo 1, causada pelo vírus do tipo 1, o Den-1, ele não voltará a ter Den-1; é dengue do tipo 1, mas eu poderei ter dengue do tipo 2, 3 e 4. Então, nós dizemos que os suscetíveis são aqueles que não tiveram ainda a doença. Se eu tenho a entrada de um novo subtipo viral que não estava circulando com grande frequência na região, eu aumento o número de suscetíveis. Aumentando o número de suscetíveis, eu tenho mais chance de ter maior número de casos se houver proliferação do mosquito. Por isso a importância do combate ao mosquito”.

Pedrotti destaca que o aumento de casos em pessoas que já tiveram dengue positivarem novamente, segundo a literatura, elas poderiam ter mais chances de complicação ao serem acometidas novamente pela doença. “Os dados apontaram para isso: maior o número de casos, maior a chance de termos casos graves, maior a chance de termos óbitos. Uma vez que existe uma correlação entre o número de casos e a doença que leva ao óbito”.

COMPROMETIMENTO DE TODOS – Para que a proliferação não aconteça como no ano anterior, Pedrotti reforça a importância de fazer uma vistoria criteriosa e cuidadosa no quintal, na casa, no trabalho. “Uma vez por semana, tirar dez minutos que seja, para evitar possíveis criadores. Para evitar que pessoas adoeçam, para evitar que pessoas tenham complicações ou mesmo evoluam para o óbito é preciso combater. Nós continuamos apelando à nossa população por saber que, sim, isso é efetivo, dá resultado se as pessoas adotarem as medidas preventivas de cuidado e por acreditar na nossa população. Nós acreditamos que a nossa população é capaz de adotar medidas, sim, até porque o poder público, de forma isolada, por mais que faça, não vai dar conta de fazer tudo e evitar situações que estão nos quintais, que estão na propriedade, no local de vida das pessoas”, conclui ao reforçar a importância do comprometimento de todos.

Da Redação

TOLEDO

NO ESTADO

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Coordenadoria Estadual de Vigilância Ambiental, publicou nesta terça-feira (27) o novo informe semanal da dengue. Foram registrados mais 305 casos da doença na última semana, sem óbitos. Somados aos dados do novo período epidemiológico, iniciado em 28 de julho de 2024, o Paraná contabiliza 5.785 notificações e 792 diagnósticos confirmados. Não houve nenhuma morte. Ao todo, 269 municípios já registraram notificações da doença que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e 135 possuem casos confirmados. Chikungunya e zika também são transmitidas pelo mosquito e as informações sobre essas doenças constam no mesmo documento. Neste período houve o registro de um novo caso de Chikungunya e 33 notificações da doença no Estado. Não há notificações de zika vírus até o momento neste novo período epidemiológico. A Sesa reforça a importância da remoção de criadouros para a eliminação de qualquer local ou recipiente que possa acumular água.

Da AEN

CURITIBA

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