Cresol lança projeto para crianças sobre cooperativismo e educação financeira
Segundo uma pesquisa do Ibope realizada em 2020, apenas 21% das pessoas tiveram educação financeira na infância (até os 12 anos) no Brasil. Destes, 45% não compartilham ou ainda passam informações superficiais sobre finanças para seus filhos. Ou seja, apesar de se falar muito sobre educação financeira, a prática ainda está distante da realidade da grande parte da população brasileira. E por que o tema importa?
Segundo o presidente do Cresol Instituto, Alzimiro Thomé, a educação financeira na infância estimula o senso de organização, além de ensinar o valor das coisas. A criança aprende a poupar para sempre ter o que realmente precisa. “Essa também é uma ótima oportunidade de incentivar a autonomia dos mais jovens. Isso porque, quando a criança detém o poder de compra, ela tem de arcar com as próprias decisões. Assim, aos poucos os pequenos vão desenvolvendo noções de consumo consciente, mesmo que restritas a um ambiente lúdico”, lembra.
Os benefícios, no entanto, vão além. Na fase adulta, quem aprendeu a cuidar do próprio dinheiro ganha liberdade e maturidade para fazer escolhas conscientes e racionais. “Depois que você compreende o quanto deve poupar e como pode gastar, suas contas ficam equilibradas. E o resultado é que você rompe a relação de dependência com o salário e os empréstimos. No lugar deles, pode acionar suas reservas pessoais para realizar novos projetos”, finaliza Thomé.
Mudar esse cenário e fazer com que as crianças aprendam sobre a importância de uma relação equilibrada com o dinheiro ainda na primeira infância é o objetivo do Cresol Educa, um portal de educação financeira e cooperativismo voltado para crianças de 6 a 12 anos.
O portal contará com uma série de histórias, atividades e livros sobre educação financeira divididos por faixa etária e com personagens diferentes de acordo com as etapas da infância. As atividades poderão ser baixadas em pdf e as coleções dos livros Turma do Futuro (voltada para crianças de 10 a 12 anos) e do Mesadinha (6 a 9 anos), além de estarem disponíveis para leitura virtual ou para download, também poderão ser solicitadas para recebimento em casa.
Educação financeira no currículo escolar
O portal é uma extensão das parcerias entre as cooperativas, o Cresol Instituto e as Secretarias Municipais de Educação onde a Cresol atua. Antes da pandemia, os projetos já promoviam a educação financeira e o cooperativismo a partir da leitura em cooperação com professores e educadores de todo o país, que recebiam, além da coleção de livros, orientações pedagógicas para aplicação junto ao plano de aula. Com o isolamento social, o time do Cresol Instituto observou a necessidade de ampliar o acesso aos conteúdos para mais crianças.
As escolas parceiras do projeto continuarão recebendo os livros criados pelo Instituto para entrega aos alunos. Mas, além das 40 mil crianças já atendidas nos últimos três anos, o projeto deve se expandir para que mais professores, pais e alunos tenham acesso a esse conhecimento.
De acordo com uma estimativa da Unesco, 81,9% dos estudantes da Educação Básica deixaram de frequentar as instituições de ensino no Brasil. Esse percentual equivale a 39 milhões de pessoas. E uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas, conduzida nos primeiros meses da pandemia com mais de 14 mil professores, aponta alguns efeitos negativos do distanciamento social para a educação. Dos respondentes, 49,7% disseram que o rendimento dos jovens diminuiu, se comparado ao desempenho nas aulas presenciais.
“Começamos os projetos com o objetivo de educar, pois está no nosso DNA. Acreditamos que é dividindo conhecimento que crescemos. Os projetos com as escolas nasceram pequenos e, hoje, com a cooperação da comunidade e professores, pretendemos contribuir para uma formação mais ampla de crianças de todo o país”, comemora José Vandresen, gerente do Instituto.
São esperadas mais de 100 mil famílias atendidas pelos projetos até o final de 2021 – seja com os livros digitais ou com os impressos enviados para as casas das pessoas -, além de 700 professores no país todo. Os livros foram criados, desenvolvidos e desenhados pensando nas crianças. “Estamos muito felizes em poder oferecer um conteúdo de qualidade, com uma linguagem que as crianças entendam e, por vezes, até possam ensinar seus pais sobre saúde financeira e como investir”, explica Vandresen.
FRANCISCO BELTRÃO
Comentários estão fechados.