Covid-19: alta demanda desafia laboratórios na busca de insumos

Estima-se que na Semana Epidemiológica, que encerra neste sábado (29), o índice de transmissão do coronavírus, em Toledo, está próximo a 1,1, isso significa que a cada 100 pessoas infectadas podem transmitir para outras 110 pessoas. Com o aumento da circulação do vírus responsável por transmitir a Covid-19 e o elevado número de pacientes com sintomas gripais ampliaram a busca por testes para detectar o coronavírus. Para quem procura os exames em laboratórios clínicos da cidade, a falta de estoque de insumos tem sido um gargalo. Alguns estabelecimentos possuem o insumo para realizar o teste para mais alguns dias ou até mesmo existem aqueles que não o possuem e tentam adquiri-lo até em outros estados. O fato é que a situação preocupa os responsáveis deste setor.
Uma das explicações é que a indústria não tem capacidade de, neste momento, atender a demanda. Na primeira quinzena do mês de janeiro deste ano, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) já alertava para uma possível falta de insumos. A Associação explicou que a procura por mais exames forçou a capacidade de produção de insumos e de reagentes.
De acordo com o proprietário de um laboratório de Toledo, o farmacêutico e bioquímico Dr. Alex Sander da Silva, a procura pelo teste da Covid-19 ampliou bastante nos últimos dias e, infelizmente, o estoque acabou para a realização do teste rápido. “Estamos tentando realizar a compra. Já pesquisamos em vários estados e, até o momento, não conseguimos encontrar”.
Ele salienta que a demanda foi tão grande que os estoques acabaram. “Os nossos fornecedores também não deram prazo para uma possível entrega. Acredito que possamos ter uma resposta no próximo mês”.
Por consequência, Silva menciona que pode faltar insumo em outros estabelecimentos e, inclusive, em farmácias. “Essa nova onda causou uma surpresa mundial. Os pesquisadores buscaram informações sobre a nova cepa, a Ômicron, e uma delas é o seu grau de transmissibilidade”.

REALIDADE – Enquanto Silva não possui mais testes, Ruthinéa Andrioli da Cunha, também proprietária de um laboratório clínico em Toledo, revela que o estabelecimento ficou sem a possibilidade de realizar o teste rápido da Covid-19 durante uma semana, porém os novos insumos chegaram na última terça-feira (25). Ruthinéa comenta que o seu comprador conseguiu alguns testes de um fornecedor, porém o valor pago foi alto. “Mas, o nosso estoque não está reestabelecido. Se a demanda continuar neste ritmo e não realizarmos novas aquisições, os testes podem acabar novamente”.
Ela pontua que o laboratório está presente em Toledo e em Marechal Cândido Rondon, assim é possível interligar as compras. “Nós temos pedidos de testes em vários fornecedores. Porém, não sabemos quando eles chegam”. A profissional ainda explica que quando os antígenos chegam ao Brasil, os fornecedores dividem a quantidade com todos os clientes. “Ou seja, mesmo que eu queria comprar 100 caixas, não consigo porque outros locais também precisam receber”.
Ruthinéa afirma que entre os estabelecimentos de Toledo e de Marechal Cândido Rondon, cada laboratório deve realizar entre 50 e 120 exames por dia. “A maioria das pessoas com sintomas gripais optou por fazer o exame RT-PCR, o qual realizamos com um laboratório parceiro. Em nosso último contato, ele nos revelou que tem o reagente para realizar o exame, contudo, ele não consegue garantir a agilidade da entrega do resultado. A falta de insumos é nacional e se a demanda continuar neste ritmo poderá ser uma realidade em Toledo também. O nosso estabelecimento consegue suprir a demanda até a primeira quinzena de fevereiro; após esse período não temos garantias”.

Entenda a diferença entre antígeno e anticorpo

Existem diferentes exames laboratoriais indicados para investigação da infecção pelo SARS-CoV-2 (novo coronavírus). O RT-PCR utiliza técnicas de biologia molecular para detectar se o vírus está presente no corpo; ele é considerado “padrão-ouro” para diagnóstico e é indicado para quem está com sintomas da Covid-19. Já, a sorologia é capaz de detectar os níveis de anticorpos IgM e IgG ou IgA no sangue. Ou seja, o resultado do teste mostrará se a pessoa já teve contato com o vírus SARS-CoV-2 e o sistema imunológico produziu os anticorpos contra a doença.
O farmacêutico e bioquímico Dr. Alex Sander da Silva explica que para compreender melhor os exames laboratoriais é preciso diferenciar antígeno de anticorpo. “O antígeno pode ser um vírus, bactéria, fungo ou até mesmo, por exemplo, algum órgão do corpo – como rim – em que o organismo não o reconhece e ataca, é a chamada doença autoimune”.
Por sua vez, Silva pontua que o anticorpo tem a função de proteger o organismo contra os antígenos ou agentes causadores de doenças. “Estima-se que o ser humano leva entre sete e dez dias para produzir anticorpos. É nesta fase que as pessoas apresentam febre. Ela é uma maneira do organismo acelerar a produção de anticorpo. Ou seja, aumentando a temperatura, o organismo responde mais rápido e favorece a produção de anticorpo”.
O profissional esclarece que muitas pessoas ainda confundem os exames. “No teste nasal é investigado o antígeno. Se o resultado for positivo é porque o vírus está presente. Já, os anticorpos estão no sangue, são eles o IgG ou o IgM”.

DEFESA – Ele explica que há diferença entre IgG e IgM como se esse anticorpos fossem soldados e devem combater algo. No caso, o IgM é aquele soldado que atacará primeiro o invasor. “Esses anticorpos atacam por primeiro, no entanto, eles não são os capitães-generais e não sabem o que estão matando. Os soldados IgG (são anticorpos que demoram pouco a serem produzidos). No entanto, eles são os generais e conseguem identificar melhor o invasor e ataca diretamente o antígeno. Esses anticorpos são diagnósticados em exames de sangue”.
O organismo ainda produz a IgA, uma imunoglobulina. Silva explica que a IgA aparece em casos que o vírus ou a bactéria está no intestino. “Contudo, os mais comuns são o IgG e o IgM”. A procura por esses exames não é considerada alta, porque as pessoas pesquisam se estão com o antígeno e não o anticorpo.
O bioquímico ainda menciona que o organismo produz outro anticorpo, ele é conhecido como neutralizante. “Geralmente, esse exame é realizado por pessoas tomaram a vacina. O exame indica se organismo produziu o anticorpo. Um resultado acima de 20% é considerado muito bom”.

Da Redação
TOLEDO

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