Correção: Em retoques finais, Parque Augusta será inaugurado em outubro
Diferentemente do que apontava a primeira versão deste texto, Sérgio Carrera é ativista pela criação do Parque Augusta há 20 anos (e não 20 dias). Segue versão corrigida.
Após mais de duas décadas de incertezas e atrasos, o Parque Augusta está nos momentos finais de implementação. A obra tem previsão de entrega em 25 de setembro, com inauguração prevista para outubro, em data ainda a ser definida pela Prefeitura de São Paulo.
Com cerca de 23 mil metros quadrados, o parque inclui trilhas, playground, cachorródromo, equipamentos de ginástica, academia para idosos, sanitários, arquibancada e deque elevado. Com preservação determinada em lei, o bosque com árvores nativas, como o cedro-rosa, está mantido.
A obra também abrange o restauro do portal de Rua Caio Prado e da Casa das Araras, espaços tombados em nível municipal e, no caso do segundo, que receberá atividades educativas e culturais. O resultado tem agradado a ativistas que defenderam a criação do parque, com exceções para alguns aspectos, como a arquibancada de concreto (que, até 2020, era prevista como de madeira plástica) e os bancos do mesmo material.
A programação do espaço, uma possível ocupação máxima e outras informações foram solicitadas à gestão Ricardo Nunes (MDB), mas não foram respondidas até as 20 horas de ontem. Nenhum representante da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente se pronunciou sobre o tema.
O boulevard que ligaria o espaço à Praça Roosevelt (pela Rua Gravataí) não saiu do papel até o momento, embora tenha sido anunciado como parte do acordo de implementação com as construtoras que detinham os terrenos. Em fevereiro de 2020, a Prefeitura informou ao Estadão que o projeto completo do espaço havia sido entregue pelas empresas.
Segundo o promotor que mediou a negociação nos últimos anos e moveu a ação civil pública contra as incorporadoras por irregularidades, Silvio Marques, o valor equivalente à instalação do boulevard (cerca de R$ 250 mil) será repassado à Prefeitura, que ficará responsável pela criação.
Os custos do Parque Augusta foram de cerca de R$ 11 milhões, de acordo com a Prefeitura, pagos pelas duas construtoras. Em troca, ambas ganharam créditos para erguer prédios acima do limite mínimo em outras áreas da cidade sem a necessidade de pagar taxa adicional. A entrega das obras foi adiada em 2020 e ao longo de 2021. Entre os motivos estão a pandemia da covid-19 e a determinação de prospecção arqueológica no local, no qual foram encontrados caminhos centenários (acrescentados ao projeto do parque) e artefatos diversos (como pedaços de louça, por exemplo).
História
Segundo levantamento da Prefeitura, um decreto municipal de 1973 determinou a proteção do bosque e ocupação máxima de 25% do total do terreno. Em 1989, a área foi declarada patrimônio ambiental em um novo decreto, estadual. Já em 2002 a instalação do Parque Augusta foi determinada no Plano Diretor, reconhecimento que ganhou uma lei própria um ano depois.
Após o fechamento das escolas que existiam no local, o terreno foi utilizado como estacionamento, além de abrigar atividades diversas e ter sido cogitado para empreendimentos habitacionais e comerciais. Em 2018, a Prefeitura fez um acordo com as construtoras proprietárias, após mais de 20 anos de mobilização de moradores e associações do entorno.
Para o promotor Silvio Marques, a entrega é uma conquista da sociedade civil organizada. Ele recorda do trabalho gigantesco que teve no levantamento de provas e laudos ao longo dos anos. “Estamos a 22 dias praticamente para a inauguração do parque. Foi uma luta muito grande da sociedade.”
Entre os idealizadores também está Célia Marcondes, da diretoria da Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César (Sammorc). Ela conta que anda sendo procurada por interessados em realizar atividades no local, como professores e grupos de idosos. “Já mudou a região, valorizou em todos os sentidos. Está trazendo para o entorno um lazer, um local de convivência”, comenta. “Que sirva de exemplo para a cidade de São Paulo, com mais espaço público para a população, para o coletivo.”
A proximidade da inauguração até emociona Sérgio Carrera, um dos fundadores do coletivo Aliados do Parque Augusta e hoje integrante do conselho gestor do local. Quando começou a se mobilizar pela causa, há 20 anos, muito ouviu que não teria sucesso. “Será um grande presente. O Parque Augusta é um ícone de luta, de resistência e de preservação do verde”, aponta. “A maioria das pessoas falava que era loucura.”
Mudança de nome
O espaço deverá ser inaugurado com um novo nome. A mudança para Parque Augusta-Prefeito Bruno Covas foi aprovada por maioria na Câmara Municipal em 25 de agosto, com prazo de sanção pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) até a próxima sexta-feira. A proposta está determinada no PL 299/21, de autoria coletiva de 38 vereadores (incluindo parte da oposição). A alteração foi criticada por parte dos ativistas ligados à criação do parque, que consideram o local como uma conquista coletiva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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