Consumo de produtos orgânicos “por assinatura” estimula produtores e consumidores
O projeto Cestas Solidárias, que tem à frente o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), se fortalece como alternativa para o agricultor familiar comercializar sua produção orgânica ou agroecológica. Ao mesmo tempo, oferece ao consumidor produtos de qualidade a preço acessível.
Ele faz parte do conceito de Community Supported Agriculture (CSA), ou Comunidade que Apoia a Agricultura, que surgiu nos anos 80 nos Estados Unidos e Europa, com o objetivo de valorização da produção agrícola local e agroecológica. Neste formato, os consumidores firmam o compromisso de adquirir alimentos cultivados pelo produtor durante um período, normalmente um ano.
O projeto foi criado pelos extensionistas do então Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), atualmente Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná. O objetivo é aproximar grupos de consumidores e famílias de agricultores. Os técnicos atuam na mediação entre as duas partes, criando regras para o funcionamento dos grupos.
ALTERNATIVA – O Cestas Solidárias é uma alternativa de comercialização em cadeias curtas, com uma relação direta entre consumidores e produtores. Funciona como uma “assinatura”, em que o consumidor paga um valor mensal (cerca de R$ 150) para receber a cesta semanalmente, por um ano.
Com o pagamento antecipado, o produtor pode planejar sua produção. Ivo Melão informou que os produtores obtêm uma renda média entre R$ 2,7 mil e R$ 3 mil mensais, o que representa uma estabilidade econômica importante para as famílias.
“A iniciativa leva aos participantes valores como a importância do consumo de produtos orgânicos para a saúde do consumidor e para o meio ambiente e é também uma forma de valorizar a produção agroecológica, os produtos locais, sazonais e a produção familiar”, afirmou o coordenador estadual do projeto, Ivo Melão.
Sem a pressão do mercado, o agricultor pode se dedicar de forma livre ao cultivo e oferecer sua produção a preços menores. No Brasil, as CSAs chegaram por volta de 2011. No Paraná, o Cestas Solidárias já tem seis anos.
As cestas são padronizadas, contendo cerca de dez produtos de época, que incluem legumes, frutas e temperos. “O consumidor tem que ter a consciência de que a oferta vai depender da produção e da época, ou seja, nem sempre a cesta vai oferecer o produto que ele deseja naquele momento”, disse Leão. “O produtor pode, ainda, incluir doces, derivados de leite e pães, desde que acertado previamente com o consumidor”.
ORGANIZAÇÃO – Os grupos se organizam de forma a agilizar a logística. Após uma reunião inicial, quando os consumidores e os produtores se conhecem, são feitos os acertos como dia, local e horário da entrega das cestas. Cada consumidor recebe duas sacolas, feitas de material reciclado, para o transporte dos produtos. Quando o cliente não consegue pegar a sacola, ele pode indicar alguém, ou uma instituição, para receber o material, evitando desperdício.
A seguir, as conversas seguem via WhatsApp, animando o grupo com a troca de receitas e de informações sobre os produtos das cestas. Melão afirmou que o Cestas Solidárias tem, fundamentalmente, a proposta de oferecer produtos a um preço menor que o das feiras e supermercados.
CADASTRO – O ponto de contato para a formação de novos grupos é o IDR-Paraná/CPRA, que mantém um cadastro dos produtores orgânicos certificados da RMC. Além disso, os agricultores credenciados recebem o suporte técnico de bolsistas do programa Paraná Mais Orgânico para implementar a produção. “Isso garante a qualidade dos produtos oferecidos nas cestas”, reforça.
Para fortalecer o projeto, periodicamente os produtores participantes abrem suas propriedades para os consumidores. Assim, eles passam a conhecer a origem dos produtos que consomem, dando ainda mais valor para cada cesta que recebem semanalmente.
Da AEN
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