Com ‘ultimato’ a Coutinho, seleção encara Equador em clima de testes para a Copa

A seleção brasileira vai entrar em campo para enfrentar o bom time do Equador às 18 horas desta quinta-feira, em Quito, em clima de testes. Já classificada para a Copa do Mundo do Catar, a equipe de Tite não carregará mais o peso de buscar a vaga, mas alguns jogadores estarão sob pressão para conquistar de vez o treinador ou ao menos para manter a esperança de ser chamado para os últimos jogos das Eliminatórias, em março.

Este é o caso de Philippe Coutinho. O eterno meia da seleção de Tite vive um dos seus piores momentos da carreira no futebol europeu. Acostumado a jogar nos grandes do continente, ele deu um passo atrás neste ano ao ser emprestado ao Aston Villa, time mediano da Inglaterra.

Coutinho vem sendo contestado desde que chegou ao Barcelona em 2018. Sem espaço na equipe catalã, foi emprestado ao Bayern de Munique, onde também não conseguiu se firmar. De volta ao Barça em 2020, sofreu uma lesão no joelho esquerdo que abreviou sua temporada. No ano passado, recuperado fisicamente, ganhou nova chance num time que lamentava a saída de Lionel Messi e apostava em jovens da base e em contratações de custo-benefício duvidoso.

Mesmo com a equipe espanhola em frangalhos tecnicamente, o brasileiro amargava o banco de reservas até ser transferido para o Aston Villa, onde fez boa estreia no dia 15 deste mês, até com gol. “Acredito na qualidade dele, falando isso para o nicho futebol. Falando de maneira mais ampla, do espectro social, humano, eu sei todo lado humano de investimento dele, desafiador, de recuperar da lesão”, comentou Tite.

O treinador indicou que o jogo desta quinta será um grande palco para Coutinho mostrar o que sabe. As circunstâncias são favoráveis para o meia. A seleção não terá Neymar, machucado, e nem Lucas Paquetá, suspenso, para ofuscar seu desempenho em campo e as atenções de Tite.

Por outro lado, a pressão será grande. Coutinho vai substituir justamente Paquetá, que vinha sendo um dos melhores jogadores da seleção nos últimos meses. Se exibir boa performance, não apenas estenderá sua sobrevida na seleção como colocará um ponto de interrogação na cabeça do técnico. “Como vai ser depois, não sei. Vamos deixar o campo falar”, avisou Tite.

Coutinho é uma aposta antiga do treinador. Não por acaso o meia é o quarto jogador com o maior número de jogos na seleção sob o comando de Tite. Titular na Copa de 2018, o jogador de 29 anos foi chamado em todas as convocações da seleção até a grave lesão no joelho. Até então, ele só havia “falhado” num amistoso de 2017, com a Colômbia, quando o treinador convocou apenas atletas que jogavam no Brasil naquele momento.

Sem defender a equipe nacional desde outubro de 2020, ele voltou a ser chamado no fim do ano passado para os confrontos com Colômbia e Argentina. Mas não deixou o banco de reservas em nenhum momento. Por isso, sua escalação como titular nesta quinta é encarada quase como um ultimato visando o Mundial do Catar, em novembro.

Principal armador da equipe escalada por Tite, o meia também será decisivo por conta da expectativa do treinador para encarar a altitude de 2.850 metros de Quito. “Temos que encontrar estratégias para ter a posse de bola, estabelecer um ritmo adequado”, projetou. Será outro desafio para um jogador que disputou apenas 18 jogos até agora na temporada europeia, sendo titular em apenas seis – os últimos dois pelo Aston Villa.

Melhor seleção destas Eliminatórias depois do Brasil e da Argentina, o Equador ocupa o terceiro lugar da tabela, ainda em busca da classificação, e vinha embalado até ser prejudicado pela nova onda de casos da pandemia. Ao todo, 15 jogadores do elenco equatoriano contraíram covid-19 neste mês. E o atacante Angel Mena está machucado.

Os equatorianos somam 23 pontos em 14 jogos. Mesmo se vencerem o Brasil, ainda não vão conseguir confirmar a vaga na Copa. A seleção de Tite lidera a tabela com folga, com 35 pontos, contra 29 dos argentinos. As duas equipes têm um jogo a menos na classificação por conta do clássico não finalizado em São Paulo, em setembro do ano passado.

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