Com R$ 6 bi em reforços, Campeonato Inglês defende status de melhor do mundo
Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, os clubes conseguiram gastar mais do que todos seus concorrentes europeus juntos. Enquanto times do Campeonato Alemão e do Espanhol, respectivamente, tiveram um déficit de mais de R$ 500 milhões, as 20 equipes da Premier League lucraram aproximadamente R$ 5,9 bilhões no último verão. As informações são do Centro de Economia e Pesquisa de Negócios (CEBR) do Reino Unido. A liga com maior lucro no cenário europeu, tirando a inglesa, foi a francesa, que teve um superávit de R$ 369 milhões.
O tamanho sucesso do futebol na Inglaterra não veio por acaso e remonta ao dia 15 de abril de 1989, quando 96 pessoas morreram na partida entre Liverpool e Nottingham Forest, no que ficou conhecido como “Desastre de Hillborough”. Em 1992, a antiga Football League foi substituída pela Premier League, uma marca que oferecia direitos de TV bem mais lucrativos e uma oportunidade de esquecer o passado marcado por desastres, hooligans e estádios em más condições.
Eduardo Carlezzo, sócio-fundador do Carlezzo Advogados, avaliou o processo de transformação do Campeonato Inglês, e o porquê de seu sucesso inegável. Ele afirma que após chegar ao “fundo do poço”, os organizadores se movimentaram em relação ao tratamento dado aos torcedores e à infraestrutura esportiva da liga.
“Como consequência destas e outras ações, a competição se fixou como a mais assistida do mundo, tendo um contrato de venda dos direitos de TV por valores estratosféricos. Além disso, temos o fato de que os clubes foram sendo adquiridos ao longo destes anos por bilionários, aumentado imensamente seu poder financeiro. A soma de tudo isso, em síntese, faz com todos aqueles que se envolvam com futebol queiram estar perto da liga inglesa”, disse.
Analisando a trajetória do Campeonato Inglês, é possível apontar pelo menos mais cinco motivos para que a competição tenha se tornado um fenômeno no meio esportivo. Os melhores jogadores estão lá, a língua inglesa é a segunda mais falada no mundo, atrás da chinesa, o que dá um acesso global à competição, e o próprio futebol é mais atrativo e competitivo do que o jogado em outras ligas. Além disso, o marketing implementado pelos organizadores é muito bem feito, e por fim, a história e os fãs fazem a diferença. Afinal de contas, foram os ingleses que inventaram o futebol há mais de 150 anos.
Para essa temporada, os clubes não pouparam dinheiro e investiram pesado em reforços. O Manchester City, atual campeão, tirou o meia-atacante Jack Grealish do Aston Villa por 118 milhões de euros (R$ 722 milhões), o maior valor da história da Premier League. Antes dele, o francês Paul Pogba havia se transferido da Juventus para o Manchester United em 2016 por 111,5 milhões (R$ 679 milhões na cotação atual).
Txiki Begiristain, ex-diretor de futebol do Barcelona, e atual do City, não pretende parar por aí. A imprensa europeia noticia que, após a saída de Agüero para o Barcelona, o time azul de Manchester está disposto a desembolsar 150 milhões de euros (R$ 919 milhões) por Harry Kane, centroavante do Tottenham.
Em coletiva no último sábado, Pep Guardiola preferiu não dar muitos detalhes sobre o futuro do clube no mercado e especulou o número de jogadores que ainda podem chegar. “Talvez um, mas não mais. Como todo mundo sabe, tudo é difícil hoje por causa da pandemia, então veremos. Mas se tivéssemos que ficar com o time, mesmo sem Jack (Grealish) ou qualquer jogador, nós estaríamos muito bem”, afirmou o treinador.
Do outro lado da cidade, o Manchester United também não se acanhou e fechou a contratação de Jadon Sancho, que deixou o Borussia Dortmund e retornou à Inglaterra após passar pela base do City em um negócio de 85 milhões de euros (R$ 522 milhões). O francês Raphael Varane foi anunciado no último dia 27 para fazer dupla com Harry Maguire e deve custar cerca de 50 milhões de euros (R$ 305,5 milhões).
Outra contratação que merece destaque é a do belga Romelu Lukaku, que retorna ao Chelsea após oito anos. Marina Granovskaia pagou 100 milhões de euros (R$ 615 milhões) para tirar o atacante da Internazionale, campeã italiana, e garantir sua volta a Stamford Bridge. Ben White, zagueiro que atuava no Brighton, foi adquirido pelo Arsenal por 58,5 milhões de euros (R$ 360 milhões), uma quantia questionada pelos torcedores dos Gunners.
Se as principais equipes se movimentaram no mercado, o Liverpool, 3º colocado na última temporada, decidiu ser mais modesto. A única contratação foi a do francês Ibrahima Konaté, zagueiro do RB Leipzig, que custou 40 milhões de euros (R$ 246 milhões) ao time do alemão Jürgen Klopp.
Leicester City e West Ham também devem brigar pelo topo nessa temporada. Os vencedores da edição 2015-16 venceram a Copa da Inglaterra pela primeira vez e terminaram o campeonato na 5ª posição. Logo atrás, veio o West Ham, que sob o comando de David Moyes, pode surpreender novamente. Olho no bom Leeds, treinado por Marcelo Bielsa, e no recém-promovido, Brentford, que tem um estilo de jogo ofensivo e quer fazer bonito em sua estreia na elite do futebol inglês.
Aqui no Brasil, a DAZN, plataforma de streaming esportivo, abriu mão dos direitos de transmissão do Inglês. A Disney pode exibir todos os 10 jogos da rodada e, além de ESPN Brasil e o Fox Sports, também pretende colocar o campeonato no Star+, um serviço de streaming por assinatura que será lançado em 31 de agosto.
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