Com carnaval incerto, Prefeitura de SP aprova ao menos 440 blocos para 2022
O anúncio ocorre dias após ao menos 70 prefeituras de São Paulo, como de São Luiz do Paraitinga e Ubatuba, divulgarem o cancelamento da edição do próximo ano. Novas discussões sobre a realização de eventos de grande porte (como o réveillon) também têm ganhado espaço, especialmente pela escalada de casos da covid-19 em outros continentes e a descoberta de uma nova variante de preocupação. A realização do evento no ano que vem divide especialistas.
O carnaval de rua está em fase de organização e planejamento pela gestão Ricardo Nunes (MDB), que anunciou a patrocinadora oficial (uma subsidiária da Ambev) no início do mês e está com outros procedimentos em andamento relativos ao evento. A decisão final sobre a realização da festividade deverá ser anunciada até o fim de dezembro, com base em dados epidemiológicos, como cobertura vacinal e número de internados, segundo a Prefeitura.
O número final de blocos paulistanos aprovados pode ser ainda maior, pois a gestão municipal não terminou a avaliação de todas as 867 inscrições. A lista dos 440 blocos inclui ao menos um cortejo que não será mais realizado: o da cantora Preta Gil, que anunciou no domingo ter desistido de levar o Bloco da Preta às ruas em 2022. Além disso, como mostrou reportagem do Estadão, parte dos blocos se inscreveu com hesitação e decidirá se desfilará de fato apenas mais perto da data.
Segundo a Prefeitura, de forma geral, os mesmos percursos programados para 2020 serão mantidos. Após falar em repetir o público da edição anterior, com 15 milhões de pessoas, a gestão Nunes agora já tem expectativa de 18 milhões de foliões durante a programação, concentrada majoritariamente em oito dias, 19 e 20 de fevereiro (pré-carnaval), 26, 27, 28 de fevereiro e 1º de março (carnaval) e 5 e 6 de março (pós-carnaval).
Em paralelo, a Liga Independente das Escolas de Samba lançou um manifesto no sábado, 27, pela realização dos desfiles do sambódromo. Com ingressos à venda e a produção de carros e fantasias acelerada nos últimos meses, a entidade tem defendido que o evento seja mantido, mesmo que com adaptações. Também tem destacado que ocorre ao ar livre e com a plateia sentada. “Diga não ao negacionismo, à irresponsabilidade, ao elitismo e ao preconceito contra a cultura popular”, diz a campanha.
Inscrições de desfiles caíram 9,68% no carnaval de rua de SP
Após crescimento ano a ano nas edições anteriores, as inscrições para o próximo carnaval caíram 9,68%. Foram 867 solicitações de desfiles para 2022, ante as 960 de 2020.
O número de desfiles realizados em comparação aos inscritos costuma cair até o carnaval, por motivos relacionados a patrocínio, organização e outros. Em 2020, por exemplo, o Estadão noticiou que mais de 30% do total desistiu até quatro dias antes do início da programação. Naquele ano, foram realizados 670 desfiles, de acordo com balanço municipal.
A desistência precisa ser notificada com antecedência. Em 2022, o prazo mínimo é de 30 dias e a punição para o descumprimento é a proibição de desfilar por dois anos seguidos. Outra regra é que a dispersão deverá ocorrer às 19 horas.
As inscrições também caíram no Rio, de 731 para 620, uma redução de 15,18%. Por lá, os números também costumam variar até a chegada do carnaval. Do total em 2020, por exemplo, 441 foram autorizados a ocorrer.
Uma pesquisa do Observatório do Turismo da Prefeitura, feita em 2020, apontou que 73,6% dos foliões moram na cidade e que 50,4% vai a mais de um desfile. Entre os visitantes, 59,3% vivem na Grande São Paulo, 20,7% no interior paulista, 19,4% em outros Estados e 0,6% fora do País.
Outro dado apontado no levantamento é que o público majoritariamente utiliza transporte coletivo para ir aos desfiles, principalmente ônibus ou trem (51,4%) e ônibus (31,6%). Durante a programação, são frequentes casos de estações e veículos com alta lotação.
Em coletiva realizada em outubro deste ano, a Prefeitura destacou que 85% do público frequenta cerca de 10% dos blocos, de médio e grande porte. Os chamados megablocos geralmente são liderados por agremiações populares (como o Acadêmicos do Baixo Augusta, por exemplo) e artistas famosos, como a cantora Daniela Mercury e outros, e ficam concentrados em grandes vias, como a Rua da Consolação e o entorno do Parque do Ibirapuera, dentre outras.
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