Com alta, mercado já projeta inflação de até 6,7% no ano

O reajuste da bandeira tarifária vermelha 2, anunciado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), levou o mercado a revisar suas projeções para a inflação no ano. As estimativas passaram a variar entre 6% e 6,71% – muito acima do teto da meta, que é de 5,25%.

A XP já trabalhava com um avanço de cerca de 20% para a bandeira tarifária (a Aneel autorizou um aumento de 52%). A diferença deve produzir um impacto adicional de 0,13 ponto porcentual na projeção de julho do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 0,49% para 0,62%. A economista Tatiana Nogueira diz que existe ainda a possibilidade de impactos indiretos do reajuste da bandeira, já que o encarecimento da conta de luz pode ser repassado para os preços de produtos e serviços. Para o ano, a XP elevou sua projeção de 6,2% para 6,4%.

No Citi, a previsão subiu de 5,3% para 6,1%, puxada pelas tarifas de energia elétrica e também pela previsão de novas altas de preços de matérias-primas e insumos. Já a LCA Consultores passou a trabalhar com um IPCA de 6,4% em 2021, ante 6,2% anteriormente. “Há pressão de bens industriais do atacado para o varejo que pode ficar mais pesada com a energia mais cara. Pode ter um efeito também nos preços de serviços, especialmente se a antecipação do calendário de vacinação aumentar a circulação das pessoas”, explica o economista da LCA Fábio Romão.

A JF Trust fez a estimativa mais alta até agora, ao elevar a projeção para o IPCA em 2021 de 6,32% para 6,71%. O economista-chefe da instituição, Eduardo Velho, avaliou a decisão da Aneel como positiva, na medida em que não adia o reajuste para 2022.

O Banco ABC Brasil projeta impacto de 0,23 ponto porcentual no índice em julho, segundo calcula o economista Daniel Lima. Como já esperava uma alta da bandeira tarifária, ele manteve a projeção de uma variação de 6,40% para o IPCA no ano.

O reajuste autorizado pela Aneel vai ser usado para bancar os custos com a maior utilização das usinas termoelétricas, em função da baixa recorde dos reservatórios de água e do risco de um novo desabastecimento de energia no País. A taxa extra cobrada na conta passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Em maio, os preços da energia já haviam dado o tom no resultado do IPCA. Para uma inflação geral de 0,83% – o maior índice para o mês desde 1996 -, o grupo energia contribuiu sozinho com 0,23 ponto porcentual.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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