Mauro Picini Sociedade + Saúde 15/02/2023
Dia Mundial do Câncer: Informação e diagnóstico precoce são algumas das armas na prevenção
Nos próximos dois anos, são estimados cerca de 700 mil novos casos de câncer no Brasil, onde o desafio é aumentar o cuidado preventivo
Segunda maior causa de mortes em todo o mundo, cerca de 10 milhões de pessoas por ano, o câncer tem números que assustam. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um a cada cinco habitantes no planeta vão desenvolver diversos tipos de tumores. No Dia Mundial do Câncer, que é celebrado neste sábado (4 de fevereiro), também é importante entender a realidade pela qual o Brasil passa no combate à doença.
A oncologista clínica Aline Bobato Lara foi convidada pela Prati-Donaduzzi para fazer um quadro sobre como se encontra a luta contra o câncer no país e seus principais desafios nos próximos anos. “O combate ao câncer no Brasil é composto de três frentes: a realização de exames preventivos, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento. Como há uma dificuldade de acesso da população aos exames, impõe-se uma barreira para o diagnóstico precoce e, consequentemente, ao tratamento mais eficaz”, explica a Dra. Aline.
Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), entre 2023 e 2025, o Brasil deverá apresentar cerca de 704 mil novos casos no país, a maioria nas regiões Sul e Sudeste, que normalmente concentram 70% de incidência. O tumor maligno com maior número de registros é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelo de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
De acordo com a oncologista clínica, os fatores de risco variam conforme o tipo de câncer. “Em geral, o estilo de vida contribui para o desenvolvimento da doença, como tabagismo, uso excessivo de álcool, alimentação desequilibrada, obesidade, sedentarismo e exposição exagerada ao sol”, afirma a especialista.
Câncer infantil com mais chances de cura
Em relação à expectativa de cura, a oncologista Aline Lara ressalta também uma situação diferente entre os casos adultos e infantis. “O câncer infantil é diferente do câncer nos adultos, pois ele não está associado aos fatores ambientais. Os tumores mais frequentes são as leucemias, que afetam os glóbulos brancos, os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático), que são tumores mais raros nos adultos”, explica a especialista.
Segundo ela, os tumores em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos, pois se desenvolvem rapidamente. “Em compensação, os pacientes infantis respondem melhor ao tratamento e as chances de cura são maiores, se comparado com o público adulto”, diz a oncologista clínica.
Tanto em adultos como crianças, a Dra. Aline Lara ressalta que a evolução nos tratamentos tem feito com que a cada ano aumentem as taxas de sobrevida dos pacientes de câncer. “Podemos ver um significativo aumento da taxa de cura e também no prolongamento da sobrevida para aqueles pacientes que têm uma doença incurável, mas que pode ser controlada por maior tempo através dessas novas modalidades de tratamentos”, diz a oncologista.
SOBRE A PRATI-DONADUZZI – A Prati-Donaduzzi, indústria farmacêutica 100% nacional, é especializada no desenvolvimento e produção de medicamentos. Com sede em Toledo, Oeste do Paraná, produz aproximadamente 13 bilhões de doses terapêuticas por ano e gera mais de 4,8 mil empregos. A indústria possui um dos maiores portfólios de medicamentos genéricos do Brasil e desde 2019 vem atuando na área de Prescrição Médica, sendo a primeira farmacêutica a produzir e comercializar o Canabidiol no Brasil.
AVC volta a ser a principal causa de morte após pandemia
De janeiro até a primeira quinzena de outubro deste ano foram registrados 12 óbitos por hora. Em 80% dos casos, AVC poderia ser evitado;
Com sintomas súbitos e a necessidade de tratamento imediato para reverter as sequelas, o acidente vascular cerebral (AVC), ou popularmente conhecido como derrame, faz vítimas em todas as idades e sua causa está relacionada à falta de circulação de sangue no cérebro. De acordo com dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil e da Sociedade Brasileira de Neurologia, por conta do recuo da pandemia da Covid-19 nos primeiros meses do ano, o AVC voltou a ser a primeira causa de morte no Brasil.
Em todo o Brasil foram 87.518 óbitos, de janeiro a início de outubro deste ano, o equivalente a 12 mortes por hora. Neste mesmo período o infarto vitimou 81.987 pessoas e a covid-19, 59.165 cidadãos, fazendo com que o AVC seja a principal causa de óbitos no país.
A neurologista do Hospital Santa Cruz/Rede D’Or, Kristel Back Merida (CRM-PR 31840 / RQE 23462), alerta que uma em cada quatro pessoas terá um AVC no decorrer da vida. “O AVC é uma doença neurológica grave, que pode acometer todas as faixas etárias e está associada a fatores de risco que são tratáveis e podem evitar a doença”, destaca a médica ao informar que 80% dos AVC são evitáveis, de acordo com estudo publicado pelo Centers for Disease Control and Prevention.
A hipertensão está entre os principais fatores associados ao AVC. “Controlar doenças já diagnosticadas e manter uma vida saudável é o principal método de prevenção”, lembra a neurologista que ainda destaca a obesidade, colesterol alto e diabetes como outros fatores de risco preocupantes e que precisam ser tratados para minimizar as chances de um AVC.
O acidente vascular cerebral se manifesta de duas diferentes formas. O AVC isquêmico, mais comum, está associado aos casos em que há o entupimento de vasos sanguíneos, devido a um coágulo vindo do coração ou placas de gordura que desgrudam de artérias do corpo. Já no AVC hemorrágico, o paciente apresenta um rompimento dos vasos do cérebro, causando sangramento que pode gerar um aumento grave da pressão dentro do cérebro. Os principais motivos para essa ruptura estão ligados a hipertensão arterial, diabetes, aneurisma e malformações vasculares. “Em ambos os casos os sintomas apresentados são súbitos e precisam de cuidados imediatos para reverter o quadro. É nas primeiras horas que fazemos o tratamento agudo, seja através de cirurgias ou medicamentos que dissolvam o trombo, minimizando as chances de sequelas. Quanto antes tratado, maiores as chances de sucesso. Por isso que no AVC cada minuto importa”, apresenta a médica.
Os principais sintomas de um AVC são apresentados quando, de forma repentina, há dor de cabeça forte, descrita como “explosiva”, perda da visão de apenas um olho, perda de força de um lado do corpo, paralisia facial, dificuldade para falar ou fala enrolada, tontura e perda de equilíbrio intensos.
“Geralmente, os sintomas do AVC são intensos e repentinos. Nesse momento, três testes podem ajudar a revelar a urgência de procurar um atendimento médico. Primeiro, pedir para a pessoa sorrir, e verificar se os dois lados da boca se mexem simetricamente. Segundo, pedir para que a pessoa levante os braços como se fosse dar um abraço e verificar se há fraqueza em um dos lados. E terceiro, pedir para que ela cante uma música ou diga uma frase, nesse momento é importante avaliar a fala, tanto se o conteúdo faz sentido, quanto se há dificuldade na articulação das palavras (fala enrolada). Se algum desses pequenos testes forem alterados, procure imediatamente um pronto socorro”, aconselha a neurologista.
O tratamento acontece logo após o diagnóstico do paciente, dependendo do tipo do AVC e do tempo que o paciente chega no hospital. Geralmente é feito com medicamentos e sempre conta com auxílio de uma equipe multidisciplinar, envolvendo neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. “Além do tratamento para diminuir os sintomas do AVC no corpo, iniciamos uma busca pelas possíveis causas do AVC, como arritmias, excesso de gordura nas artérias e hipertensão, por exemplo. Em jovens, é comum causas genéticas porém fatores relacionados a tabagismo, drogas recreativas, esteroides e hormônios também podem levar a quadros graves da doença”, finaliza a neurologista.
Sobre o Hospital Santa Cruz – Fundado em 1966, o Hospital Santa Cruz está localizado no bairro Batel, em Curitiba (PR), e, desde junho de 2020, é unidade integrante da Rede D’Or São Luiz – maior rede de hospitais privados do país com atuação no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão, Bahia, Sergipe e Paraná. O Hospital Santa Cruz é considerado um centro de alta complexidade no atendimento das áreas de Oncologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Neurologia, Ortopedia, Pronto-Atendimento e Maternidade. Com estrutura e equipe multidisciplinares, equipamentos de última geração e um moderno centro cirúrgico, oferece cuidado de alta qualidade centrado no paciente, segurança assistencial e humanização do atendimento. É reconhecido com o selo de Acreditação com Excelência Nível III, entregue pela ONA, sendo a instituição acreditada nesta categoria por mais tempo no Estado. Mais informações em www.hospitalsantacruz.com.
Sobre a Rede D’Or São Luiz – Fundada em 1977, a Rede D’Or São Luiz é a maior rede privada de cuidados integrados em saúde do Brasil. O grupo conta atualmente com 69 hospitais e marca presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Sergipe, Ceará e Bahia. São cerca de 9 mil leitos operacionais, 60 mil colaboradores e 87 mil médicos credenciados, que realizaram aproximadamente de 2,7 milhões de atendimentos de emergência, 256 mil cirurgias, 39,8 mil partos e 523 mil internações nos últimos 12 meses.