Mauro Picini Sociedade + Saúde 11/01/2023

Janeiro Roxo: por que, quando não tratada adequadamente, a hanseníase pode voltar?

Uma vez curado, existe a possibilidade do doente se reinfectar, o que chamamos de “recidiva”, que pode também levar de 5 a 10 anos em média para acontecer

O Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de hanseníase, com cerca de 25 mil pessoas infectadas a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Fica atrás somente da Índia, onde o índice chega a 115 mil. Por lá, no entanto, a população é cinco vezes maior que a do Brasil. Conhecida antigamente como “lepra”, a hanseníase é uma doença que provoca infecções na pele e nos nervos, especialmente, os da face e mãos e pés.
No Paraná, o maior problema é o desconhecimento da doença, que faz com que os casos, sejam detectados tardiamente, muitas vezes apenas pelas sequelas que já apresentam. Em 2021, foram 409 novos casos, sendo mais de 82% com formas graves. Mais de 63% dos casos são registrados em homens, segundo dados da Secretaria de Saúde do Paraná.
Um dos aspectos ainda pouco conhecidos sobre a doença, é o fato de que ela pode voltar a infectar o paciente. Isso pode ocorrer se a pessoa tiver contato com um portador da hanseníase ainda sem tratamento, que pode nem saber que está infectado, por exemplo.
Dra. Laila de Laguiche, médica dermatologista e presidente do Instituto Aliança contra Hanseníase (AAL, na sigla em inglês: Alliance Against Leprosy), explica que é importante que o tempo de tratamento adequado – 6 ou 12 meses – seja sempre respeitado, além da constância das doses, sem interrupções. “É fundamental que as pessoas que tiveram contato com o paciente infectado sejam observadas e examinadas para que, no caso de infectadas, também possam receber tratamento e, com isso, evitar as possibilidades de reicidivas. Uma vez curado, existe a possibilidade da doença se manifestar novamente no paciente, o que chamamos de ‘recidiva’, que pode também levar de 5 a 10 anos em média para acontecer”, afirma.
A médica ressalta também que é importante saber diferenciar que episódios relacionados ao tratamento (reações) são diferentes dos sintomas de retorno da hanseníase. “O aparecimento de novas manchas e nódulos dolorosos na pele pode caracterizar o que se chama surto reacional, que é a reação de hipersensibilidade aos antígenos bacilares. Mas também indicar reinfecção, por isso, é fundamental que todos os sintomas sejam observados e um médico seja consultado aos primeiros sinais. Não é porque a pessoa trata uma vez a doença, que se torna imune a ela”, explica Dra. Laila.
Um dos aspectos importantes a ser lembrado, é que, após o início do tratamento, entre uma semana e 15 dias, o paciente deixa de transmitir a doença. Além disso, não é qualquer pessoa que pode ser contaminada pela hanseníase, o que permite o convívio familiar sem nenhum risco. “Só as formas bacilíferas (com muitos bacilos) é que transmitem a doença. Para adquirir, mesmo assim, é necessário que haja predisposição, fato que é geneticamente determinado. Estudos indicam que somente 10% da população é mais suscetível à doença e, mesmo entre esses 10%, é necessário convívio próximo com uma pessoa acometida pela doença”.

Sintomas da hanseníase – Entre os sintomas da doença estão sintomas neurológicos inespecíficos como formigamentos de parte das mãos ou pés, áreas anestesiadas da pele e perda de pêlos em áreas circulares. Também pode haver nariz entupido e/ou feridas internas no nariz, manchas na pele de todas as cores, cãibras e perda da força muscular. Diante de qualquer um destes sintomas, é importante consultar um médico.
A hanseníase não é somente uma doença da pele, e sim, principalmente dos nervos periféricos. Como a pele possui uma vasta quantidade de nervos, também é atingida. Mas existem casos em que as lesões de pele não existem e o paciente apresenta apenas sintomas relacionados à agressão do sistema nervoso periférico como dormências em mãos e pés, com ou sem atrofias, e áreas da pele dormentes sem manchas aparentes. É bom lembrar que outras doenças podem também causar esses sintomas, como a Diabetes Mellitus, por exemplo. A agressão aos nervos periféricos é a principal causa das sequelas e incapacidades relacionadas à doença.
Outro aspecto relevante é que o período de incubação da doença é longo. Pode levar cerca de 5 a 10 anos para se manifestar plenamente.

Diagnóstico – O diagnóstico da hanseníase pode ser feito a partir de exames clínicos ao passo que os exames moleculares, como os realizados no laboratório ID8 – Inovação em Diagnóstico, focado no diagnóstico molecular, permitem a avaliação do perfil de resistência.
O laboratório oferece o exame de Hanseníase – Identificação de resistências (Rifampicina, Fluoroquinolonas e Dapsona) que realiza a detecção de resistência às drogas de primeira e segunda linha, permitindo um tratamento precoce e adequado, com bastante precisão, em poucos dias, após o recebimento da amostra. “O diagnóstico molecular permite a identificação de quantidades baixíssimas dos alvos de interesse, com alta especificidade e sensibilidade, gerando resultados assertivos que auxiliam na conduta do tratamento médico. A identificação das resistências aos medicamentos é de extrema importância, uma vez que apenas após 12 meses de tratamento é que se observam sinais clínicos da ineficácia terapêutica. Além disso, a resistência medicamentosa também é um fator que pode influenciar na recidiva da doença, afirma Patricia Domingues, doutora em Biociências e Biotecnologia e Assessora Científica do ID8.

Tratamento – O tratamento da hanseníase é feito por meio de uma combinação de três antibióticos chamados de “poliquimioterapia”. É totalmente gratuito no Brasil e oferecido pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Normalmente, dura de seis a 12 meses, dependendo de sua forma clínica, mas em alguns casos, pode se entender.
Para a Dra. Laila de Laguiche, os principais fatores para a prevenção e o tratamento mais rápido da hanseníase são o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional do paciente, a formação qualificada de profissionais de saúde, além da importância de novos esquemas e drogas para o combate à infecção e melhorias na reabilitação dos pacientes. “Também é importante a informação à população, que não sabe que a hanseníase ainda existe”, pontua.

Você sabia? – O Brasil é o único país do mundo a ter mudado o nome da doença e todo o seu vocabulário para tentar diminuir o estigma que ela carrega. Lepra, leproso e leprosário, entre outras variações, foram substituídas na década de 1990 por hanseníase, hanseniano e hospital de dermatologia, mas ainda hoje quem tem ou teve a doença convive com a desconfiança e a discriminação causadas pela falta de informação.

Sobre o ID8 – O ID8 é um laboratório de apoio focado no diagnóstico molecular com entrega rápida, oferecendo resultados em poucas horas após o recebimento da amostra, com um fluxo de trabalho operacional de sete dias da semana. Os serviços vão além do diagnóstico. Metodologias simples e ágeis que reduzem consideravelmente o tempo de entrega do resultado, possibilitando ao paciente a chance de um tratamento mais assertivo e direcionado. Saiba mais em: www.id8diagnostico.com.br.

Chegada do verão redobra os cuidados para evitar o câncer de pele

Os dias ensolarados e as altas temperaturas desta época exigem uma atenção especial, como o uso de protetor solar e evitar exposição em horários críticos

O câncer de pele representa cerca de 30% de todos os casos da doença no Brasil

Com a chegada do verão no Hemisfério Sul no último dia 21 de dezembro, um personagem indesejável passou a ocupar a lista de preocupações com a saúde das pessoas: o câncer de pele. Responsável por cerca de 30% de todos os casos da doença no Brasil, este tipo de tumor tem inclusive uma campanha especial de conscientização para os cuidados com a pele.
Referência na produção de medicamentos no Brasil, a Prati-Donaduzzi convidou a cirurgiã-oncológica e especialista em câncer de pele, Mariana Taís Ferreira Moreira, para alertar dos riscos desta grave doença.
“É importante ter a consciência que devemos cuidar da nossa pele todos os dias. Sempre que possível, precisamos evitar exposição solar entre 10 e 16h. Mas se estiver sob sol, é necessário usar chapéu de abas largas, óculos de sol, camisas de mangas compridas e calças com proteção UV. Também é recomendável se proteger debaixo de um guarda-sol, barracas ou até mesmo um guarda-chuva”, explicou a Dra. Mariana.
Outro componente fundamental para a proteção é o uso recorrente de protetores solares, que variam para cada pessoa. “Temos que nos atentar para o nosso tipo de pele e assim escolher qual o protetor adequado. Ele deve ser aplicado em toda a pele para fora da roupa. Se for ficar em ambiente fechado, a cada 4h reaplicamos, ou a cada 2h se estiver em um local externo. Além disso, quando transpiramos ou molhamos a pele, devemos secar a pele e reaplicar o protetor, no mínimo, FPS 30. Importante não esquecer do protetor labial também”, afirmou a cirurgiã-oncológica.

Tipos de câncer de pele – Existem dois tipos de tumor de pele: o melanoma e o não melanoma. O primeiro tem potencial mais agressivo e pode aparecer em qualquer parte do corpo. “Nas pessoas de pele negra, ele é mais comum nas áreas claras, como palmas das mãos e plantas dos pés”, afirmou a Dra. Mariana.
Já o não melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. “Geralmente esse tipo de câncer cresce mais lentamente, com apresentação de bolinha branca, rosada ou da cor da pele”, explicou a especialista. Segundo ela, as pessoas com peles mais sensíveis ao sol são as que precisam ficar mais atentas nestes cuidados. “Quem tem pele clara, olhos claros, cabelos claros ou várias pintinhas pelo corpo, mesmo as sardinhas, apresenta maior risco”, alertou.
Por fim, a cirurgiã-oncológica diz quais são os pontos de atenção que indicam uma visita ao médico. “Qualquer ferida na pele que não melhore por mais de um mês, que esteja crescendo ou ficando diferente, em especial as lesões escuras, precisam ser avaliadas por um médico. Lesões com mais de 6mm de diâmetro, uma pinta que está evoluindo, passou a sangrar ou tem a presença de cores diferentes na mesma pinta precisa ser investigada”, disse a Dra. Mariana.

SOBRE A PRATI-DONADUZZI – A Prati-Donaduzzi, indústria farmacêutica 100% nacional, é especializada no desenvolvimento e produção de medicamentos. Com sede em Toledo, Oeste do Paraná, produz aproximadamente 13 bilhões de doses terapêuticas por ano e gera mais de 4,8 mil empregos. A indústria possui um dos maiores portfólios de medicamentos genéricos do Brasil e desde 2019 vem atuando na área de Prescrição Médica, sendo a primeira farmacêutica a produzir e comercializar o Canabidiol no Brasil.

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