Um “Case” de Fracasso…

Escutar o meu amigo falar sobre a sua constante busca por novos conhecimentos num movimento de abertura para a aprendizagem é um alento. Ele entendeu que a vida é um processo contínuo de aprendizagem e de desenvolvimento. Com mais de cinquenta anos, ele não mediu esforços para participar de um curso a quase mil quilômetros de sua casa, viajando a noite inteira de ônibus para estar na maratona de quatro dias na tarde seguinte. Ele comentou que o curso tratava de diferentes temas com vários especialistas, pessoas curiosas e uma interação dinâmica entre os participantes e os facilitadores. O ambiente era estimulante. Entendo que nos cursos e oficinas muitos estão ávidos para contar a sua história, quase sempre de uma perspectiva de sucesso. Frente as discussões, o meu amigo se manifestou dizendo:

  • Olhando por esse lado, eu sou um “case” de fracasso…

As pessoas presentes se voltaram para ele que exibia a sua expressão tranquila. Segundo o meu amigo, os participantes eram todos bem mais novos, uma vez que a área é predominantemente ocupada pelos jovens. Ele continuou sua exposição detalhando o que ele poderia ter feito de diferente durante os últimos anos na condução do seu negócio e não fez. Ainda assim, a sua organização continuava viva num segmento em que a grande maioria havia fechado as portas, justamente pela mudança do modelo de negócio da sua área. Assim, qual é a razão para ele se considerar um caso de fracasso? Entende-se fracasso como o fato de não alcançar um objetivo, sendo considerado igualmente como a falta de êxito, a derrota ou a frustração. São muitos os sinônimos para a palavra fracasso, porém o seu antônimo principal é o sucesso, entendido como aquele que cumpre com as expectativas. Aqui entrava a perspectiva do meu amigo que sentia não haver transformado o negócio num sucesso em conformidade com as suas expectativas. E, no mundo corporativo, é essencial ser um sucesso para continuar no negócio. Porém, essa busca pelo sucesso gera o efeito colateral de pessoas pouco autênticas que disfarçam a falta de êxito, não aceitam a derrota, não suportam uma frustração, ou simplesmente não reconhecem que fizeram uma escolha equivocada. Dessa forma, as pessoas passam a exibir a faceta de positividade tóxica desconectada da realidade ao sobrevalorizarem os acertos, nem sempre verdadeiros, e ocultarem os erros, presentes na vida de qualquer ser humano. Desse modo, acredito que as pessoas perdem a oportunidade de alcançar o sucesso ao não serem corajosos o suficiente para reconhecerem o insucesso com a humildade de quem está aberto para aprender.  Esse é o ponto. Ao reconhecer que uma escolha equivocada pode estar na raiz de uma frustração, na origem de uma derrota e, consequentemente, na causa da falta de êxito, tem-se a oportunidade de fazer novas escolhas. Por isso, entendo que é preciso ser corajoso e humilde para reconhecer o fracasso atual como resultado de escolhas passadas, dando-nos a oportunidade de mudar as próprias escolhas para alcançar o sucesso. Eis o ponto em que se encontrava o meu amigo.

O curso prosseguiu, porém agora o meu amigo estava na vitrine, porque ele teve a coragem e a humildade de reconhecer que poderia ter feito mais pelo seu negócio. Igualmente entendeu que escolhas diferentes o poderiam ter levado ao sucesso, por isso passou a receber a atenção de todo o grupo. Os facilitadores, especialistas da área, usavam o seu caso como exemplo. Os demais participantes que conheciam o segmento igualmente contribuíam com ideias e sugestões que poderiam ser implementadas pelo meu amigo em seu negócio. Enfim, ao escutar a história do meu amigo que segue aberto à aprendizagem, pude entender que ao se reconhecer como um “case” de fracasso ele deu o primeiro passo para se transformar num “case” de sucesso.

O que você poderia fazer pelo seu negócio que ainda não fez?

Quais as escolhas que não o levaram para onde você queria ir?

O que você pode fazer melhor?

Moacir Rauber

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