É muito pesado? Leve leveza…
Diz a lenda que o pesquisador britânico caminhava por uns penhascos na Índia em busca de vestígios de antigas culturas. Estava cansado e se esgueirava por um trilho estreito à beira de um penhasco em que um passo em falso poderia representar uma queda fatal. Num dos pontos do caminho ele encontra uma menina de aproximadamente dez anos que trazia em sua garupa um bebê bastante gordinho. O britânico disse:
– Isso não é muito peso para você?
A menina logo respondeu:
– Não, ele não é um peso. Ele é meu irmão!
Uma situação simples que nos proporciona uma reflexão poderosa. O que você está carregando na sua vida representa um peso? E se mudássemos o foco e a intenção? As nossas relações sociais têm sido tratadas como fonte de oportunidades para que os nossos interesses sejam atendidos. Com isso em mente, as pessoas se aproximam de outras pessoas pensando naquilo que podem extrair delas. Na esfera profissional, segue-se lógica semelhante. É o networking ativo que me permite obter as vantagens das relações profissionais que mantenho para que novas portas se abram para mim. Da mesma forma, muitas das relações pessoais, familiares e de amizade são criadas com a intenção de obter algum benefício, entre eles, que o outro me faça feliz. É uma lógica extrativista por trás de todos os tipos de relações mantidos entre pessoas que fazem com que elas se tornem um peso e sejam difíceis de sustentar ao longo dos anos. Não dar é doloroso, é pesado. Frequentar o círculo social que você escolheu é difícil? Alimentar o seu networking tem sido trabalhoso para você? E as relações mais próximas não têm sido satisfatórias na sua avaliação? Para muitos, manter e desenvolver os diferentes papéis a que um se sujeita tem sido pesado, fonte de estresse e de infelicidade. Talvez seja o tempo de mudar o foco e a intenção. Por que não adotar a visão da menina? Acredito que a resposta dela sobre o fato de seu irmão não ser um peso possa nos dar um norte.
Entendo que depende de cada um mudar o foco ao inverter a intenção para que o que você traz consigo não seja um peso, mas fonte de bem estar. Portanto, nas relações sociais, profissionais e pessoais comece por avaliar aquilo que a tua presença contribui para as pessoas que estão nesses círculos. Desse modo, avalie: a (1) sociedade é melhor porque você está nela? Se sim, as suas relações sociais não serão um peso, mas fonte de alegria. A (2) organização a que você pertence e os profissionais com quem você se relaciona são beneficiados com a tua presença e desempenho? Se sim, a realização dos outros também representará a sua realização. E, por fim, o (3) seu círculo pessoal, cônjuge, amigos e parentes, recebe algo positivo de você? Se sim, você será feliz com a felicidade deles. Nada mais será um peso para você. E isso é uma escolha.
Por fim, depende de como você encara aquilo que você leva consigo. Não carregue. Escolha levar. A menina leva o irmãozinho consigo sem que seja um peso, mas um privilégio. Ela, um dia, provavelmente, será mãe e levará em seu ventre um filho que não será um peso, mas uma dádiva. Depois, como mãe, ela vai levar em seus braços o seu filho que não será um peso, mas uma honra. Por isso, leve consigo aquilo e aqueles que são importantes para você para que a sua vida seja leve. Leve leveza. Leve com Amor!
FELIZ DIA DAS MÃES!
Moacir Rauber