Uma cultura importante

A safra de trigo no Paraná, tradicionalmente um dos maiores produtores do cereal no Brasil, tem enfrentado desafios críticos nos últimos anos. A quebra na produção, ocasionada por fatores climáticos adversos como secas prolongadas, geadas e chuvas excessivas durante o ciclo produtivo, coloca em dúvida a viabilidade do cultivo para muitos agricultores. Em 2024, por exemplo, os prejuízos foram significativos, com quedas na produtividade e na qualidade dos grãos, afetando tanto pequenos quanto grandes produtores.

No Paraná a projeção é de uma quebra em torno de 32%, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). Já na área de abrangência do escritório da Regional de Toledo a estimativa é de 30%.

A safra de trigo teve plantio de 10.367 hectares com projeção inicial de 30.064 toneladas, mas a previsão atual é de uma produção de 21.894 toneladas. Com isso, estimasse que na Regional de Toledo essa perda chegue a aproximadamente R$ 13 milhões.

Diante desse cenário, surge a questão: vale a pena continuar investindo no trigo? A resposta não é simples, pois depende de diversas variáveis. O trigo continua sendo uma cultura estratégica para o Paraná, não só pelo abastecimento interno, mas também por sua relevância no mercado nacional e internacional. Além disso, o trigo é fundamental para a rotação de culturas e a manutenção da saúde do solo, o que, a longo prazo, pode aumentar a produtividade de outras culturas, como a soja e o milho. Assim, a continuidade do investimento pode ser viável, desde que acompanhada de estratégias adequadas.

Para auxiliar os produtores rurais, algumas ações são essenciais. Primeiro, a ampliação de políticas de seguro agrícola mais acessíveis e abrangentes pode reduzir os riscos financeiros. Programas de assistência técnica e capacitação sobre o uso de tecnologias mais eficientes, como o manejo de irrigação e o uso de sementes mais resistentes, também são fundamentais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, o fortalecimento de cooperativas pode proporcionar maior poder de negociação e acesso a mercados para os produtores, garantindo um melhor retorno financeiro, mesmo em safras menores.

O impacto da cadeia produtiva do trigo para o Paraná é substancial. O estado é responsável por cerca de 50% da produção nacional do cereal, o que gera empregos diretos e indiretos em toda a cadeia, desde a produção nas lavouras até a indústria de processamento de farinha e produtos derivados. A quebra da safra afeta não apenas os agricultores, mas também a indústria de alimentos, o setor logístico e os consumidores, que podem enfrentar preços mais altos nos produtos finais e isso terá impacto no bolso do consumidor, ou seja, de todos.

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