Tempo de ser criança
Uma pesquisa realizada por uma ONG internacional – realizada entre fevereiro e abril de 2024 – expõe com clareza como as meninas em diversas partes do mundo carregam uma carga desproporcional de trabalho. Ou seja, são meninas perdendo a infância, perdendo o período escolar, perdendo oportunidades futuras.
O estudo que abrangeu nove países — incluindo Brasil, Benin, Camboja, El Salvador, Filipinas, República Dominicana, Togo, Uganda e Vietnã — revelou pontos que merecem reflexão: em determinadas regiões, diversas meninas dedicam horas e ficam responsáveis sozinhas por trabalhos que envolvem cuidados com parentes idosos, irmãos mais novos e afazeres domésticos.
Ajudar no cotidiano da casa, por exemplo, arrumar a cama, varrer o chão, são atividades que tendem a contribuem com o fluxo familiar, porém, o trabalho doméstico não pode tirar o espaço de ir para a escola, de brincar, de ser criança. E infelizmente, ainda vivemos em um mundo que crianças precisam amadurecer e, antes da hora, ter responsabilidades que não cabem a elas.
A falta de acesso à escola e até mesmo a falta de tempo para se dedicar aos estudos tendem a gerar um impacto profundo e duradouro. Sem uma educação de qualidade, elas perdem a oportunidade de desenvolver habilidades essenciais para a vida adulta e para o mercado de trabalho.
Tal cenário limita suas possibilidades de ascensão social e perpetua o ciclo de pobreza em que muitas dessas meninas estão inseridas. A falta de uma formação escolar adequada reduz significativamente suas chances de conquistar um emprego digno e alcançar autonomia econômica.
O tema cabe na reunião do G20. Existe a expectativa de que os líderes mundiais reconheçam o problema e tomem medidas para garantir que as meninas tenham a chance de estudar, crescer e se desenvolver de maneira igualitária, sem as limitações impostas pelas tarefas domésticas que cabem como responsabilidade de uma criança.
Para romper esse ciclo, é necessário que todos — governos, organizações internacionais, famílias e comunidades — assumam a responsabilidade de garantir que essas meninas tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial, sem as barreiras. Antes elas precisam ser crianças, ter acesso à educação, ao lazer, aos direitos para que possam se tornar adultas com um futuro mais promissor.