Pressão sobre as vítimas

A cada novo dia as vítimas, ou melhor, os sobreviventes da tragédia da explosão nos silos da cooperativa C.Vale na semana passada, em Palotina, estão se recuperando, tendo alta hospitalar e, de certa maneira, ajudando a enfrentar o rescaldo de um evento que marcará para sempre a história da cooperativa e da própria cidade. Não é de um dia para o outro que mortes são esquecidas, muito menos os ‘fantasmas’ deixados após fatos profundamente tristes como esse.

Porém, na esteira de eventos como esse, há quem tente tirar proveito da fragilidade humana, tão típica em situações de pressão extrema. Pior ainda quando se está longe de casa e se enfrenta a dificuldade de um idioma diferente, o preconceito de cor e a xenofobia que pouco a pouco parece se instalar no Oeste do Paraná em relação aos estrangeiros que, assim como milhares de brasileiros, arriscaram em alguns casos a própria vida em busca de um algo melhor.

Para 8 haitianos esse algo melhor acabou de maneira trágica quando uma explosão lhes custou a vida. Para as famílias, além da dor, da saudade e dos traumas, foi preciso ainda lidar com ‘profissionais’ do Direito que procuraram as famílias a fim de ‘prestar todo apoio necessário’. Aves de rapina que rondam as carcaças deixadas em tragédias como essa da C.Vale a fim de arrancar aquilo que for possível para sua própria subsistência.

Na imprensa também acontecem casos semelhantes. Abutres disfarçados de sensacionalistas que exploram imagens, vídeos e outros artifícios moribundos com o único propósito de ‘subir a audiência’ a qualquer custo.

A representação das famílias haitianas deslocou rapidamente para a região um advogado para fazer o trabalho de maneira voluntária e orientar, como trouxe o JORNAL DO OESTE, as famílias e buscar acompanhar também as investigações da Polícia Científica a fim de apurar o que aconteceu. Não importa de quem foi a culpa, como aconteceu, enfim, o que importa agora é aperfeiçoar os sistemas de vigilância a fim de que tragédias como essa sejam cada vez menos frequentes, mas principalmente, que as famílias tenham paz. Sejam elas de haitianos, brasileiros, venezuelanos, chineses, italianos ou alemães, até porque, a dignidade humana não deveria ser vista sob a ótica da nacionalidade, da cor da pele ou de quaisquer outras definições do indivíduo.

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