Onde o queijo come os ratos

Era uma vez, numa terra não tão distante assim e ocupada por ratos, a ordem natural das coisas começou a se inverter de tal forma que os ratos, quando perceberam, estavam não apenas sendo enganados: estavam sendo comidos pelo queijo. E havia queijo de todos os sabores. Desde os mais simples caipiras, aqueles artesanais e feitos em casa, até os da mais alta estirpe, com direito a um vinho fino para acompanhar o banquete. O que mais impressionou os ratos é que a farsa não era descoberta por ninguém. Ninguém conseguia compreender como durante tanto tempo a queijaria dominava a terra dos ratos que precisavam se alimentar de bananas para sobreviver à penúria que se instalava cada vez mais do lado de cá, porque do lado de lá havia tamanha abundância que muitos se perguntavam se tratar da mesma nação.

Os ratos de vez em quando eram chamados para opinar. Porém, para espanto de uns poucos ainda conscientes, a esmagadora maioria voltava a escolher os mesmos queijos. Ah, claro, de tempos em tempos um ratinho aqui, outro acolá, conseguia se travestir de queijo e, tal qual um passe de mágica, quando percebia estava vivendo exatamente como os queijos mais podres e fedorentos faziam. Era a ordem se invertendo, afinal, se a terra era de ratos, às favas com as ratoeiras! Na prática não era assim e os queijos sugavam cada vez mais. Até tribunal conseguiram organizar a fim de evitar uma rebelião! Absurdo!

Na verdade, na verdade, o que se percebeu é que ratos e queijos pertenciam à mesma categoria e a terra da Ratolândia na verdade era uma queijaria disfarçada, atraindo a tudo e todos para seus buracos negros. Foi um desespero geral quando se chegou a essa conclusão, afinal, não seria mais possível alimentar tamanha gente seguindo os trâmites normais. Eis que surge então um ‘rataleiro’ (uma mistura de rato com cavaleiro) prometendo que, caso retorne ao poder, irá solucionar todos os problemas e os ratos e queijos poderão, enfim, voltar a sonhar serem coisas distintas, quando na verdade são tudo é farinha do mesmo saco. Mas essa é uma outra história…

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