O que fazer?

Não é de hoje a questão sobre os povos indígenas é alvo de discussão no Brasil. O assunto – sempre polêmico – voltou aos holofotes nos últimos dias com o cenário dramático sobre as comunidades que ocupam o maior território indígena do Brasil, na Amazônia: a área Yanomami. Crianças morrendo por desnutrição, malária e outras doenças foram registradas e uma verdadeira força-tarefa foi formada para tentar minimizar a situação.

Nos últimos anos, a gestão do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), coordenado pelo Ministério da Saúde, tem sido alvo de investigação pelo Ministério Público Federal (MPF) de suspeitas de desvio no uso de verba pública para a compra de medicamentos. A suspeita era de que só 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas pelo distrito sanitário indígena local (DSEI-Y) teriam sido devidamente entregues.

E a crise na saúde não é o único problema da reserva Yanomami. O avanço da mineração, proibida em áreas indígenas, é outra ameaça crescente. O garimpo em terras indígenas aumentou 495% entre 1985 e 2020, segundo levantamento do MapBiomas, iniciativa que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

Mas não é preciso atravessar o país para perceber quão delicada é essa questão. Embora em Toledo não haja reserva indígena, é comum ver famílias inteiras perambulando pela cidade, pedindo esmolas nas esquinas. Há algum tempo uma verdadeira aldeia havia se formado ao lado do Terminal Rodoviário. Em Guaíra a prostituição e o alcoolismo são problemas sérios e difíceis de serem combatidos. O mesmo acontece na região próxima a Nova Laranjeiras.

Em algumas situações os próprios indígenas se aproveitam de sua situação para deixar claro que apenas a Funai tem autoridade sobre seus povos. Em outras são as pessoas que se aproveitam da situação de miséria dos indígenas.

O que fazer é uma resposta difícil de ser respondida. Agora, o que não fazer é simples: não é mais possível manter a atual política sobre os índios, até porque ela tem se mostrado frágil e muito distante de promover uma verdadeira integração, algo que cotas e reservas não resolverão.

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