O alerta do Afeganistão

A retirada das tropas dos Estados Unidos do Afeganistão abriu caminho para o Talibã enfrentar e derrotar as forças de segurança daquele País. Muitas das principais cidades caíram com pouca ou nenhuma resistência, incluindo a cidade-chave de Jalalabad, no último domingo. Funcionários do governo de Joe Biden admitiram erro de cálculo. A rápida queda das forças nacionais e do governo do Afeganistão foi um choque para o presidente e para membros seniores de sua administração, que há uma semana acreditavam que poderia levar meses até que o governo civil em Cabul caísse.

As imagens de pessoas tentando escapar através do Aeroporto de Cabul, que resultou em mortes, servem de alerta ao planeta inteiro que no último ano parece ter se preocupado apenas com a pandemia do novo coronavírus. Alerta porque demonstra quão tênue segue sendo a ignorância humana. Lá em função de um sistema autoritário que se baseia na religião. Mas há outros exemplos de autoritarismo tresloucado mundo afora e que muitas vezes são ignorados por estarem distante de nós ou então travestidos de uma ‘pseudo democracia’ que engana, ilude, ludibria.

O alerta do Afeganistão também serve para demonstrar que, embora o mundo fale tanto em globalização, parece haver cada vez preocupação dos governantes em manter sob controle apenas seu ‘campinho’ e que o restante, desde que não me atrapalhe, que se dane. Às favas com os crimes contra a humanidade enquanto no meu quintal há sombra e água fresca. Danem-se os sem nada, afinal, a geladeira está abarrotada e o tanque cheio. Explodam-se os regimes autoritários porque tá liberado, tá tudo liberado!

As imagens de pessoas assustadas, quando acontecem do outro lado do planeta e no meio do deserto muitas vezes não impressionam, não chocam, não entristecem. Mas não se pode esquecer que cenas assim acontecem nas ruas brasileiras de norte a sul. A guerra do deserto é só mais uma, afinal, no cenário urbano tupiniquim existem outras guerras sendo travadas diariamente e com um número de mortes igualmente assustador. E isso em a intervenção de ninguém externo.

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