Balanço do que é bom

O prefeito Beto Lunitti concedeu, na reta final de 2023, uma entrevista ao JORNAL DO OESTE onde fez um balanço sobre o ano recém-terminado. Fez um balanço, claro, do que é bom. Aquilo que não é tão bom ou polêmico deixemos para 2024, afinal, o que não é visto não é lembrado, como bem aponta o ditado popular. E no caso de administração pública no Brasil, essa é uma prática valiosa, ainda mais para quem pretende testar o humor das urnas uma vez mais, como é o caso do prefeito toledano que, sim, tem bons motivos para comemorar 2023, entretanto, não deveria se animar tanto assim diante das incertezas de um 2024 imprevisível.

A grande vitória de Beto Lunitti foi, sem dúvida, a abertura do Hospital Regional. Mas como e a que custo não convém discutir. Também esquecem os fiéis seguidores do passado sombrio que ronda a obra e ainda é motivo de discussão no âmbito judicial. Aliás, este parece ser um ano decisivo para algumas decisões que se arrastam por anos, mas que em 2023 tiveram passos decisivos rumo à punição de quem não apenas atrasou, mas superfaturou uma obra deveria ter entrado em funcionamento há anos.

No âmbito da Educação o prefeito também teve motivos para comemorar, em especial com o programa Aluno Conectado, uma espécie de ‘menina dos olhos’ do prefeito. É uma ótima proposta, sem dúvida, mas que carece de ajustes pontuais para ser efetivamente uma ferramenta de transformação tão intensa quanto parecem os discursos.

Mas nem tudo foram flores na atual gestão, entretanto, a maioria dos problemas acontece nos bastidores ou em áreas onde a maioria das pessoas sequer tem acesso ou interesse, como a relação com a Câmara Municipal, onde o prefeito enfrenta parca oposição e em assuntos cujo resultado final já se conhece o enredo. Esse é um problema, não para o prefeito em si, mas para a cidade como um todo, pois quando se tem uma Câmara frágil, muitas ações são tomadas sem o devido debate ou seguindo critérios técnicos.

No âmbito financeiro as movimentações nas esferas federal e estadual deram o fôlego necessário para que Toledo fechasse as contas no azul, algo que para 2024 preocupa pelos reflexos da reforma tributária que deverá privilegiar municípios consumidores e não mais os produtores, como é o caso de Toledo. Mas este e outros assuntos delicados não precisam entrar no balanço de 2023, até porque ainda é tempo de celebrar apenas aquilo que é bom.

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