A violência contra a mulher

Esta semana a sociedade de Toledo se chocou com o relato de cárcere privado contra uma mulher casada há 13 anos. Mantida com os cabelos raspados, feridas mal cicatrizadas, língua com marcas de ferimentos, cortes feitos com faca por toda a extensão do rosto, essa guerreira conseguiu escapar e prestar queixa à Delegacia da Mulher. Ela foi mantida por um ano em cativeiro pelo seu marido, onde era sistematicamente submetida a torturas físicas e psicológicas. A pergunta é: e se não existisse a Delegacia da Mulher em Toledo?

O agressor foi preso em flagrante, pelos crimes de submeter alguém sob sua guarda a tortura, lesão corporal, ameaça, sequestro e cárcere privado. A mulher está abrigada em lugar seguro e sigiloso com seu filho, graças à estrutura específica criada há tempos na cidade para atender casos onde a mulher é submetida a agressões e ameaças. A pergunta é: e se não existisse a Secretaria de Políticas para Mulheres em Toledo?

As respostas às perguntas são simples: talvez hoje o agressor não estivesse preso e essa mulher, ao invés de estar protegida, quem sabe estaria morta.

Por mais chocante que possa parecer, essa poderia ser a realidade não houvesse em Toledo uma estrutura específica para atender mulheres vítimas de violência. Por menor que seja a estrutura e haja sim deficiências a serem resolvidas, ainda assim Toledo é uma das poucas cidades dentro do Estado do Paraná – e no país – a ter uma estrutura voltada exclusivamente às mulheres e a proposta do prefeito Beto Lunitti de acabar com a Secretaria – ainda em análise dento da Câmara Municipal – soa ao mais puro cinismo político depois das entrevistas concedidas por ele ao receber representantes de entidades ligadas aos direitos da mulher para tratar deste caso específico, quando se fizeram promessas de apoio incondicional. Juras de um amor bandido que já poderia ter acabado não fosse a responsabilidade dos vereadores em analisar com cautela a proposta de reestruturação administrativa que não prática poderia tirar uma estrutura capaz de salvar vidas.

Uma estrutura que segue ameaçada também pela omissão de entidades como o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, entre outras, que no passado fizeram alarde por muito menos, mas que agora silenciam diante da proposta encaminhada pelo atual governo. Esta postura demagoga também não deixa de ser uma violência. Contra a mulher e seus direitos!

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