A dor do outro

Ainda na esteira da tragédia que se abateu pelas duas principais cidades do Oeste do Paraná após a queda da aeronave operada pela Voepass Linhas Aéreas, em Vinhedo (SP), após ter decolado de Cascavel. Tanto em Cascavel quanto em Toledo houve muita comoção sobre o caso, entretanto, isso não impediu que dezenas de vídeos – alguns escabrosos – fossem sendo disparados em grupos de Whatsapp ou postados em redes sociais sem o menor critério do bom senso. A dor do outro parece importar muito pouco em vários momentos.

Há anos o JORNAL DO OESTE tem procurado adotar uma linha editorial nesta questão que busca preservar minimamente as famílias atingidas. Recentemente, por exemplo, no caso do sequestro no Centro da cidade, onde uma mãe foi mantida refém pelo próprio filho durante horas, em nenhum momento se desrespeitou o desejo dos familiares em não expor além da conta. Nenhum familiar foi entrevistado porque esse era o desejo de quem lá estava, assim como em nenhum momento foi identificada a residência onde tudo aconteceu.

E assim poderiam ser citados tantos outros casos nos quais a equipe do JORNAL DO OESTE buscou preservar a imagem de seres humanos, de vítimas. Neste caso do avião, corpos foram expostos sem o menor pudor, como fosse um espetáculo circense. Mas de horror!

Aliás, quanto mais a sociedade avança em termos tecnológicos, mais parece se afastar de sua essência que a trouxe até os dias atuais. Quanto mais se amplia o conhecimento, menos parece ser o sentimento de empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro. É sentir a dor do outro que fez com que o ser humano se distinguisse de outros animais, entretanto, parece que a dor do outro não importa mais.

E isso acontece até mesmo na imprensa. Não que chegue a ser uma novidade, infelizmente. E agora, em tempos de redes sociais e grupos de Whatsapp, a tragédia ganha novo colorido, um colorido que parece não respeitar nada, nem ninguém. Onde o número de ‘likes’ parece suplantar o da razão e sensibilidade que deveriam nortear algumas decisões.

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