A Apac, enfim, entrará em funcionamento

Não fosse a pandemia, a cerimônia programada para o próximo dia 10 de dezembro já teria ocorrido, porém, nada acontece por acaso e se foi esta a data possível traçada pelo destino, quem ousa questionar. Até porque a trajetória do início de uma ideia apenas ao final exitoso do projeto que está se tornando um modelo para o Brasil não foi fácil. Mas ele está aí, na reta final para finalmente entrar em funcionamento.

A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) é muito mais que uma entidade civil de direito privado, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade criada em 1972, na cidade de São José dos Campos (SP), através de um grupo de voluntários cristãos, sob a liderança do advogado e jornalista Dr. Mário Ottoboni, no presídio Humaitá, para evangelizar e dar apoio moral aos presos.

A Apac é uma porta de saída do mundo do crime a quem, por razões que não compete discutir neste momento, acabou desviando do caminho daquilo que a sociedade em geral entende ser o correto. Pessoas que por um ou outro motivo cometeram um crime e precisam pagar na exata proporção pelo delito cometido, algo impossível dentro do atual sistema prisional brasileiro, onde ‘ladrões de galinhas’ são amontoados junto com criminosos de alta periculosidade. Como o objetivo da Apac é promover a humanização das prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena e, dessa evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar, era preciso em Toledo construir um local para esse fim.

Depois de tanta desinformação, protesto, preconceito e ignorância, a obstinação de um grupo de apaixonados pelo método venceu a desconfiança e na reta final deste 2021 tão simbólico a Apac, enfim, entrará em funcionamento em Toledo. Uma vitória para quem acreditou desde o início num método de valorização humana, no resgate da dignidade e na oportunidade de uma segunda chance a quem está disposto a efetivamente mudar de vida. A Apac não é o paraíso e certamente haverá problemas, entretanto, apostar na proposta ainda é algo melhor do que simplesmente depositar seres humanos sem lhes oferecer uma mínima chance de mudança.

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