Setor de papel enfrenta as incertezas de 2022 com foco na sustentabilidade
Artigo por Nilton Saraiva
Com o cenário extremamente incerto em que vivemos, de repente tudo que previmos para 2022 precisa ser revisto. Uma guerra em território europeu era inimaginável até pouco tempo – e agora é uma realidade violenta e temível. Mais do que nunca, o termo “Mundo VUCA” (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) se aplica ao nosso dia a dia – e certamente nos afetará ainda mais ao longo do ano, desde os altos custos da matéria-prima até a revisão de mercados e efeitos da inflação.
Diante desse desafio, mais do que nunca a Ibema quer aplicar sua criatividade, adaptabilidade e determinação na busca por novas soluções. E sabe qual o segredo para isso?
No livro “Good to Great – Empresas feitas para crescer”, Jim Collins chama a atenção para o fato de que as empresas de maior sucesso têm como principal característica a busca incessante pelos melhores talentos, pois são eles que trarão as soluções para os novos problemas. E nós acreditamos nisso: as pessoas certas, com a atitude certa, conseguem resolver questões cada vez mais inusitadas e até surpreendentes.
Apesar de tudo isso, nosso segmento de papelcartão segue com tendência positiva no longo prazo, dadas as necessidades de mudança de hábitos na busca por produtos mais sustentáveis e aderentes às necessidades de um mundo que busca soluções para as mudanças climáticas.
Minha posição se baseia em quatro macrotendências. Primeiro, a demanda global por papel segue aquecida, após momento de escassez em 2021, que chegou a trazer dificuldades para embalar produtos. Nós fazemos questão de priorizar os nossos clientes brasileiros neste cenário, afinal, temos o compromisso de abastecer o mercado doméstico.
Em segundo lugar, existem diversos investimentos na indústria brasileira por meio de iniciativas que envolvem a economia circular. E aquelas que se anteciparam e ditaram tendência com a oferta de papéis reciclados e recicláveis saem na frente. O end user tem a necessidade de se engajar nesses projetos, seja pela legislação ou pressão do próprio consumidor.
Na Ibema, temos vantagem no contexto da logística reversa, pois nossas duas fábricas se complementam. Em Embu das Artes (SP), fabricamos produtos com a maior quantidade de resíduo pós-consumo do mercado, numa unidade muito bem posicionada, tanto industrial quanto geograficamente. E em Turvo (PR), temos a fibra virgem no DNA, o que abastece a cadeia com papel virgem que dá início a novos ciclos de reciclagem. Ao longo de 2020 e 2021, estruturamos o nosso portfólio de modo a valorizar essas duas frentes.
A terceira macrotendência é a adequação ao ESG (ambiental, social e governança, em tradução livre do inglês), que trouxe vantagens competitivas para quem já estava alinhado aos três quesitos. Dentro desse contexto, somos pioneiros em ações ambientais como o bom uso da água e aterro zero, e trabalhamos muito com e para pessoas, seja na retenção de talentos, no próprio alinhamento interno ou na relação e desenvolvimento das comunidades ao nosso redor. É bom lembrar que as mudanças climáticas colocam em xeque todo tipo de indústria, e esse é um desafio que precisamos enfrentar juntos.
Algo fundamental para darmos sentido a esse movimento foi a revelação do nosso propósito de embalar o futuro. Mudamos a maneira de nos relacionarmos, com a humildade de admitir o que não sabemos e abertos para a troca de informações constante.
Por fim, o quarto quesito é a transformação digital da indústria, seja por meio da implementação de um ERP mais moderno como o SAP, que nos trouxe soluções em nuvem de última geração, a série de iniciativas de simplificação de processos internos e de melhoria da experiência do cliente ou ainda pela adoção de ferramentas digitais que aprimoram a relação com o mercado.
A percepção do nosso papel na sociedade, como indústria, agente econômico, protagonistas do setor de embalagens, empregadores e geradores de tendências e inovação nos impulsiona para o futuro e permite projetar o crescimento do setor em 2022, mesmo em um mundo de cabeça para baixo.
Nilton Saraiva é CEO da Ibema.