Os sete pecados capitais de um recrutador

* Por Bruno Martins

Por volta do século VI, o papa Gregório Magno definiu os pecados capitais, aqueles caracterizados como vícios de conduta, como orgulho, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça. Trazendo para o mundo contemporâneo, essas falhas humanas podem ser aplicadas ao ambiente corporativo e profissional para todos os envolvidos, seja empregador, seja empregado. Mas, neste caso, iremos nos ater especificamente ao profissional de recursos humanos responsável por fazer a seleção de candidatos a uma vaga de emprego: o recrutador.

Recentemente, viralizou na internet uma publicação postada pela candidata a uma vaga de emprego, Samara Braga, de uma conversa dela com um recrutador de uma empresa. O diálogo entre os dois acontece por meio do WhatsApp e se dá de uma forma ríspida. No caso da Samara, o recrutador havia marcado a entrevista com ela para às 8h, mas não apareceu. As imagens mostram que, às 8h44m, ela insiste, mas não consegue retorno, e ele só aparece três horas depois do combinado. Nesse momento, ele manda mensagem pedindo para começar a conversa quando ela responde que não conseguiria naquela hora porque tinha compromisso. Daí, ele responde: “Posso imaginar a rotina de tantos compromissos de um desempregado”. Samara rebate que não é porque está desempregada que precisa ficar disponível o dia inteiro e explica que estava organizando as coisas para levar o filho à escola. “Sempre difícil contratar quem tem filhos mesmo. Uma dica: foque no que quer”, responde o recrutador. Por fim, ele afirma que ela não era a profissional que a empresa estava buscando.

Trata-se de uma aula de como um profissional da área de recursos humanos não deve fazer durante uma entrevista com um candidato. Neste caso, pode-se notar que houve alguns desvios como falta de empatia, desrespeito, comunicação violenta, falta de profissionalismo, descumprimento às práticas de inclusão social, constrangimento e inexistência de cordialidade. De forma geral, no mercado de trabalho, são práticas reprováveis perguntar ao candidato sobre o estado civil, se tem filho ou se pretende ter e sobre assuntos constrangedores como orientação sexual, política, religião, futebol, deficiência. Por outro lado, sabe escutar o candidato, ser pontual, cordial, criar empatia com o candidato e dar feedback durante e após a entrevista são alguns exemplos de são de boas práticas. 

Num momento em que o mercado discute questões fundamentais como humanização, respeito, sororidade, inclusão, direitos das mulheres, entre outras, em uma breve conversa, todos esses pontos foram desrespeitados. É um sinal de que na teoria é uma coisa, e na prática é outra totalmente diferente. Por fim, vale ressaltar que se trata apenas de um caso isolado que veio a público e que o mercado tem bons profissionais e práticas de seleção humanizadas, mas fica a lição de que o ambiente corporativo ainda tem muito a avançar. 

* Bruno Martins é CEO da Trilha Carreira Interativa.

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