Os gritos do silêncio

J. J. Duran

Preocupa a crescente radicalização do processo político-ideológico no Brasil. O centro de gravidade da democracia parece estar inclinando para as áreas convulsionadas da agitação impositiva e disruptiva.

O Brasil e a maioria da sua população têm horror à violência e não aceitam as imposições ou credos dos autômatos que, ferozes, tentam fazer prevalecer o pensamento único. Esse é um patrimônio histórico da nossa formação.

Tentar implantar no coração do povo o ódio é crime de lesa-pátria e etapa derradeira de uma sequência de represálias, ameaças e manifestações de revanchismo já sepultadas pela história.

O ódio ideológico gera o terror ideológico num sistema de vasos comunicantes onde cabe toda sorte de descabidas e estúpidas manifestações.

Não devem, os “politicólogos” de plantão ou os alegres mensageiros da mediocridade da cruzada evangelizadora, defender a ideia de estabelecer um governo apático, reacionário, divisor da sociedade, nem a oposição fazer política contumaz, sectária, implacável contra os poderes legítimos da República.

Neste tempo atribulado em função da pandemia apocalíptica, o maniqueísmo pode minimizar o desaparecimento de mais de meio milhão de brasileiros e brasileiras sacrificados no altar da incompetência sanitária do Estado.

A moral pública, abalada quotidianamente pela ação de medíocres moralistas ideológicos, se desgasta nos fatos chocantes que se espraiam em metástase destruidora do tecido social.

Mede-se o conteúdo de uma democracia pelo valor e pela eficiência das instituições senhoras da República e o Brasil tem um passado exemplar para todo o continente como sociedade fraterna, ordeira e respeitosa.

Sejamos humildes, porém firmes escritores das páginas da história. Não glorifiquemos as noites tenebrosas que se abatem ainda hoje sobre a indo-América.

Vivemos sob a égide de uma nova e letal realidade. Se todos quisermos, haveremos de fazer deste País uma grande Nação. (Imagem: Pixabay)

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná

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