Olhar para a frente, evitar o retrovisor
Todo motorista sabe que, para bem conduzir seu veículo, tem de olhar para a frente. E que o retrovisor só tem utilidade quando se dá ré ou para se safar de algum risco, como um possível veículo desgovernado que possa vir a bater na traseira. O acessório é útil, mas tem funções limitadas. Aplicada ao ato de governar, a teoria e função do retrovisor indica que a direção a seguir é à frente e que olhar demasiadamente pelo espelho se, por um lado impede o condutor de cometer os mesmos erros do passado ou os que seus antecessores praticaram, pode também levá-lo a desviar o trajeto e enfrentar solavancos em terrenos impróprios.
O presidente Lula precisa policiar-se para evitar o excesso de retrovisor e dar ordem aos seus auxiliares para fazerem o mesmo. O povo espera que o governo cumpra sua missão e com isso possa levar o País a melhores dias. Quem se elegeu é porque, conquistou os votos, demonstrando saber dos problemas e tendo como resolvê-los. O passado é passado, aquela espécie de carta fora do baralho, sem utilidade. Invocá-lo e lançar críticas ao antecessor não ajuda em nada; pelo contrário, pode retirá-lo do ostracismo e transformá-lo em vitima credora da solidariedade popular. O próprio presidente Lula, na sua tribulada vida política dos últimos anos foi vítima e beneficiário desse fenômeno e, por isso, deveria evitá-lo.
Embora em momentos pontuais chegue a se inflamar e até cometer atos estúpidos dos quais depois se arrepende – vide o quebra-quebra dos palácios de Brasília – o povo é potencialmente distante do embate político-ideológico. É melhor deixá-lo assim em vez de tentar torná-lo militante e, como resultado, ter a polarização e a manutenção permanente do clima de embate eleitoral. A todos os instantes da vida é coisa para políticos, que dedicam todos os seus esforços à causa. O povo – que só pode influir a cada dois anos – na hora em que vai votar para eleger seus representantes, deve ser poupado para poder estudar, trabalhar e conviver sem a discutível divisão entre “nós” e “eles”. A politização, se ocorrer, deve ser resultado cultural do próprio indivíduo, não do ambiente que lhe é imposto com proselitismo, teorias e até mistificações.
Para o cidadão comum, pouca diferença faz quem está no poder, desde que esse cidadão governe sem sobressaltos e oportunize o funcionamento da sociedade. Tenho a certeza de que Lula e Geraldo Alckmin fazem uma parceria de qualidade. O primeiro com o seu reconhecido carisma e a comunicação fácil e o segundo com a sua discrição e a experiência de quem já viveu uma longa vida administrativa e legislativa. Geraldo Alckmin, vereador, presidente da Câmara e prefeito de Pindamonhangaba, sua cidade natal, deputado estadual e federal, vice-governador e governador de São Paulo e agora, presidente da República, assumindo o governo durante a viagem de Lula à Argentina.
O povo não militante – que é a maioria – torce para que tudo dê certo e o resultado seja desenvolvimento e bem-estar social. A marcha do País ao seu sonhado grande destino…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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