Os investimentos do Brasil na educação básica e universidades

Dilceu Sperafico*

O Brasil não está investindo o necessário em educação, conforme o relatório internacional Education at a Glance (EaG) 2024, divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo o estudo, no País, a cada ano, entre 2015 e 2021, o investimento público em educação caiu, em média 2,5%, ficando entre os menores da OCDE. Os demais países membros, ao contrário do Brasil, no mesmo período, elevaram em média em 2,1% por ano os investimentos públicos em educação, desde o ensino fundamental ao superior. No Brasil, os investimentos públicos em educação básica e universidades somaram a média de 3.668 dólares ou cerca de 20,5 mil reais por aluno ao ano. Já entre outros países da OCDE, que são referência em desenvolvimento humano, o patamar é mais do que o triplo, 11.914 dólares ou 66,5 mil reais.

No topo do ranking está Luxemburgo que gasta mais de 25 mil dólares por aluno ou 139,5 mil reais, seguido da Suíça e Noruega.

Na lista de 40 países o Brasil ficou à frente apenas da Romênia, da Turquia, da África do Sul, do México e do Peru. Na OCDE, a tendência foi oposta, com aumento anual de 2,1%, apesar do impacto econômico da pandemia de covid. No Brasil, apesar dos gastos por estudante estarem muito abaixo dos registrados pelos demais países, houve melhora significativa nos investimentos relacionados à primeira infância. De 2015 a 2021, o Brasil teve um aumento de 29% no valor dedicado a cada aluno de zero a três anos de idade. Essa etapa da educação é vista por especialistas como fundamental para a redução das desigualdades sociais e econômicas.

No mesmo período, considerando os jovens de 18 a 24 anos no Brasil, a parcela dos que não trabalhavam nem estudavam caiu de 29,4% em 2016 para 24% em 2023. Entre os países da OCDE, a redução foi de 15,8% para 13,8%. É importante lembrar que não necessariamente são pessoas que “passam o dia olhando para o teto, mexendo em redes sociais”, pois entram na conta aqueles que trabalham informalmente, sem registro profissional, ou que precisam abandonar os estudos para cuidar dos irmãos mais novos. Não custa lembrar que quem não tem formação superior é prejudicado na carreira profissional. Segundo o relatório, adultos de 25 a 34 anos que não têm ensino superior acabam enfrentando condições piores no mercado de trabalho.

No Brasil, 36% dos jovens sem diploma técnico ou universitário estavam desempregados e na OCDE eram 25%. Os salários de quem não tinham qualificação também eram mais baixos. Entre os brasileiros de 25 a 64 anos que não terminaram o ensino médio, 59% ganhavam menos do que a média da população. Os impactos negativos são mais sentidos entre as mulheres. Entre as brasileiras que não concluíram a educação básica, apenas 44% estavam empregadas. Já entre os homens, o patamar chegava a

80%. Em geral, entre os parceiros e membros da OCDE, mulheres que cursaram o ensino superior receberam salários menores do que homens que ocupavam exatamente a mesma função. No Brasil, elas ganharam o equivalente a 75% do valor pago a eles e nas outras nações do grupo, a média foi de 83%. Resumindo, são informações e números nada promissores e que precisamos reverter no menor prazo possível. Felizmente em nossa região já contamos com mais profissionais com ensino superior no campo e nas cidades, o que explica o crescimento e a qualidade, diversidade e sustentabilidade do agronegócio.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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