Estamos perdendo a sensibilidade dentro das empresas?

Você se considera uma pessoa emotiva? Daquelas que choram ao ver um filme, quando você assiste a alguma reportagem de maus tratos com os mais velhos ou mesmo ao ver pessoas soterradas com as intensas chuvas que temos presenciado em algumas regiões do Brasil? Todas as espécies de animais que vivem em grupo estão dotadas da capacidade de se sensibilizar perante a dor e o sofrimento do outro. Também podemos chamar este sentimento de empatia.

Além de impulsionar a preocupação com as pessoas que estão ao nosso redor, a empatia facilita as relações, seja no âmbito profissional, seja no pessoal. Cada vez mais abordamos dentro das empresas temas de tecnologia – robotização, digitalização e até mesmo sobre o metaverso. Mas é importante lembrar que por mais tecnológica que seja uma organização, é por meio das pessoas que os resultados são entregues.

Sendo assim, você que é líder, tem percebido como tem atuado em seu dia a dia com seus liderados? Tem tido a sensibilidade de buscar entender quais são suas necessidades? Tem praticado a escuta ativa e, com isso, conhecendo a cada dia e de forma mais profunda o seu time?

Liderar não é uma tarefa simples nem fácil. E, cada vez mais, será árdua, já que lidamos com incertezas, times com diversidade em todas as formas e imprevisibilidade de mercado. Nesse cenário, sabe por que ter empatia é importante? É simples: na hora que você se coloca no lugar do outro, sente a dor do outro, o entusiasmo do outro, consegue estabelecer um vínculo e fortalecer o relacionamento, seja pessoal, seja profissional. Um líder empático é mais saudável para a equipe e mais produtivo para a empresa, pois, ao compreender e partilhar as emoções com seu colaborador, mais comprometimento dos liderados ele conseguirá.

Para garantir uma liderança eficiente, uma das tarefas é reconhecer a individualidade de cada profissional da equipe, bem como entender o que o motiva ou não, sempre com uma relação saudável, de trocas e respeito. É necessário colocar-se à disposição do time para que os resultados sejam alcançados a partir do melhor desempenho de cada um. Assim, a empresa como um todo garantirá uma boa entrega. E aí eu te pergunto: como fazer isso sem empatia? É absolutamente impossível! Da mesma forma, cabe ao líder ser empático e entender as necessidades do mercado e de seus consumidores, de tal maneira que aprenderá a dar a cada cliente o que ele precisa. Em época de “customer experience”, que significa a tão falada experiência do cliente, essas são as empresas que sobreviverão para os próximos tempos.

Mas não se engane, pois não é apenas o líder que tem esta incumbência – independentemente de qual posição você exerça dentro da empresa, você sempre será lembrado de como trata o outro. E não seria exatamente isso o que chamamos de legado?

É provável que você conheça alguém que está com o nível de motivação tão baixo e tão apático que não se importa se a empresa atinge ou não seus resultados. A falta de energia para trabalhar e a indiferença são as principais características de um profissional apático no ambiente corporativo. Diante desse comportamento, a pessoa passa a exercer suas atividades como uma “máquina”, ou seja, produzindo apenas o que é solicitado e, consequentemente, mantendo suas entregas – quando muito – no nível mediano, para não dizer medíocre.

Por isso é importante que você assuma a gestão da sua carreira. Se trabalha em um lugar onde não consegue exercer suas competências e habilidades e onde não é desafiado, crie caminhos para resolver a questão, ou, se não conseguir, busque outras empresas. O que não pode é entrar no alto grau de apatia. Perdem a corporação e – mais ainda – você, que se tornará um profissional substituível.

As empresas, atualmente, procuram entregar mais resultados, com menos pessoas e com o máximo de aplicação da tecnologia. Assim, a grande maioria delas está em busca dos melhores talentos, para se manterem relevantes no mercado, frente à crescente concorrência. E, claro, os profissionais mais desejados são aqueles que têm “brilho nos olhos” e que reúnem o maior número de competências e habilidades possível, somado à profundidade técnica na função que exercem. Evidentemente, uma das soft skills mais demandadas na atualidade é a atitude. É por meio dela que ocorre o movimento dentro das organizações. Sabe aquele profissional que percebe que algo pode dar errado e já aciona quem precisa? Ou, quando ocorre um erro, não joga para debaixo do tapete? Então! Esse é o mesmo colaborador propositivo que vai gerar mais resultados positivos onde trabalha.

Se falamos cada vez mais sobre empresas humanizadas, não é à toa que Tal Ben-Sharar, conhecido guru da felicidade e que dá as aulas mais concorridas da Universidade Harvard, afirma: “Equipes com emoções positivas e bem-estar psicológico garantem os resultados até seis vezes maiores”. E, você, é feliz onde trabalha? Como está a sua sensibilidade?

* David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent Executive Search. É também Conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC) e professor convidado pela mesma instituição. Ele é autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você” e atua, ainda, como conselheiro da ONG ChildFund, da ACMinas e da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG). @davidbraga @prime.talent

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