eSports é um novo jeito de viver o esporte
*Carlos Sollito
O eSport ganhou os noticiários do Brasil após a Ministra do Esportes, Ana Moser, declarar que a categoria faz parte da indústria do entretenimento, e com isso, não se pode considerar uma atividade esportiva. Em nosso país, o eSport vem crescendo cada vez, reunindo milhões de seguidores e gerando impactos positivos na economia, por meio de investimentos de grandes marcas nessa categoria.
Os esportes eletrônicos no Brasil têm ganhado cada vez adeptos. Estima-se que hoje existam quase 8 milhões de fãs de eSports em nosso país, popularizando e fomentando negócio. O profissionalismo da atividade também está ganhando espaço, com equipes sendo formadas com diversos tipos de profissionais, como os psicólogos voltados ao atendimento de atletas do eSports. Outro ponto relevante indicado na Pesquisa Game Brasil 2022 (PGB 2022) é que há uma pequena dominância do público feminino no eSport.
É importante ressaltar que que as principais organizações de eSports do Brasil já se relacionam com mais de 100 milhões de pessoas, somando redes sociais, como Instagram, Twitter, YouTube e Twitch.
Ao tratarmos da contribuição do eSports para a economia, entre 2020 e 2021, o mercado de games e seu ecossistema cresceu 12% no mundo todo, movimentando mais de U$ 126 bilhões, segundo dados da Nielsen Games. Já no Brasil, em 2021, o setor movimentou aproximadamente US$ 1,4 bilhão. A estimativa é que a receita total de videogames e esportes eletrônicos chegue a US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) em 2026, segundo a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia da PwC Brasil.
Embora a Ministra tenha total direito de não considerar o eSports um esporte, existem diversos argumentos embasados que mostram um direcionamento dessa categoria seja considera um esporte. É importante ressaltar que muitos jornalistas entendem que o futebol, vôlei e basquete estão cada vez mais relacionado ao entretenimento.
Diversos especialistas afirmam que se a questão do exercício físico está diretamente envolvida na rotina de treinos dos atletas de eSports, devemos nos remeter a essa prática como um esporte. Esse é um argumento levantado até pelo Comitê Olímpico, que estudou a possibilidade de inserir os eSports nos Jogos Olímpicos. Quando existem esses tipos de debate é porque há entendimento que os esportes eletrônicos caracterizam com um esporte.
Um exemplo que podemos citar são os simuladores de automobilismo. Todas as equipes de Fórmula 1 utilizam programas que simulam corridas como uma forma de preparar seus competidores para terem concentração, técnica e precisão nos movimentos que podem ocorrer em um grande prêmio. Esses simuladores também são utilizados por competidores de eSports.
Mais do que considerar o eSports um esporte é entender as oportunidades que são geradas. Os esportes eletrônicos abrem um caminho para os jovens, pois oferece eixos de socialização, fortalecendo vínculos de solidariedade, além de diversão e intensa aprendizagem cognitiva. Um atleta de eSports consegue fortalecer o raciocínio, a lógica e principalmente as habilidades motoras. O digital já faz parte da nossa sociedade e isso inclui novas possibilidades.
Podemos concluir que essa discussão é importante para termos uma amplitude de debates, já que o universo dos esportes eletrônicos gera negócios assim como os esportes tradicionais. Por isso, a conscientização sobre o tema é fundamental para que falas como a da ministra não se tornem comum. Afinal, não dá para ir à contramão com o mundo, principalmente, pois o Brasil é o terceiro país no que tange ao tamanho de público cativo da modalidade e devemos seguir valorizando e participando de competições internacionais de eSports. Por isso, entendo que o esporte eletrônico é sim uma mistura de esporte, entretenimento, negócios e muito mais!
Carlos Sollito é especialista em eSports e Business Entertainment do Grupo Fictor e tem mais de 15 anos na área do Marketing e Publicidade.