Economia pós-coronavírus
A pandemia do novo coronavírus, sem dúvidas, será um divisor de águas na história de todos os países. Além da inestimável perda de vidas, ela também marcará uma mudança social e econômica severa, com impactos na cadeia de produção, consumo, geração de empregos e riquezas.
Embora ainda não tenhamos um tratamento oficial ou vacinas para o enfrentamento do novo coronavírus, o que torna impossível saber até quando teremos uma situação de pandemia para avaliar efetivamente suas consequências, é unânime entre os especialistas que o Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países irão cair. A recuperação dessa crise mundial será lenta e dependerá muito dos governos promoverem um trabalho focado para diminuir o número de empresas que irão sucumbir perante a recessão que se aproxima a passos largos.
Para se ter uma ideia das dificuldades econômicas que nos aguardam, em 2015 e 2016 tivemos uma das maiores recessões da história do país, com uma queda de 3,8% e 3,6% de nosso Produto Interno Bruto (PIB), o que resultou no crescimento do desemprego e do endividamento familiar. Conforme análises do Fundo Monetário Internacional (FMI), um cenário ainda pior acontecerá em 2020, com possibilidade do Brasil apresentar uma queda de 5,3% no PIB e o resto do mundo uma retração de 3%.
Por possuirmos menor poder financeiro, provavelmente levaremos mais tempo para nos reerguemos do que as grandes potências como Estados Unidos, China e Alemanha. Nossa recuperação passará por um tripé econômico que incluirá o agronegócio, que se mantém forte mesmo nesse período de pandemia; programas de transferência de renda, buscando oferecer um suporte para as famílias mais atingidas pela recessão e, especialmente, ampliação e acesso a linhas de crédito e benefícios fiscais para os pequenos e médios empresários.
De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as pequenas empresas são responsáveis por mais de 54% dos empregos formais do país e correspondem a 30% do PIB. O dano econômico nesse segmento tem sido mais pesado, uma vez que encontram dificuldades para manter crédito e capital de giro com a queda do consumo, o que causará um grande impacto nos índices de desemprego se não forem colocadas em prática políticas de apoio efetivas e acessíveis.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas promoveu um estudo que aponta, no cenário mais pessimista, que a pandemia do coronavírus poderá ampliar a taxa de desemprego no país de 11,6% para 23,8%. Mesmo que os números não sejam tão extremos até o final do ano, é inegável que haverá um aumento substancial e que exige do poder público planejamento para lidar com essa nova realidade, tanto com as políticas de transferência de renda quanto com o suporte ao pequeno e medio empresário.
Nos últimos dez anos o Brasil apresentou o pior crescimento de sua história, com um aumento pífio de 0,9% no PIB, número que deverá piorar com os resultados de 2020. A tão esperada recuperação da economia foi substituída por uma nova e singular crise que só poderá ser superada com seriedade e união entre o poder público, iniciativa privada e sociedade civil em prol de ações estratégicas que minimizem os danos econômicos e criem, gradualmente, alternativas para que possamos voltar ao caminho do desenvolvimento.
Paulo Litro é deputado estadual, presidente do PSDB-PR e da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná