Cesta básica aumenta 1,14% e desafia bolso do consumidor
Os preços dos itens básicos da mesa dos brasileiros continuam em alta e as compras no supermercado são cada vez mais desafiadoras. É preciso fazer um ‘malabarismo’ para colocar as compras do carrinho dentro do orçamento doméstico. O custo da cesta básica no município entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 sofreu um aumento de 1,14%, de acordo com a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos de Toledo divulgada nesta semana. Considerando o período desde a primeira pesquisa (abril/2021 a janeiro/2022), houve um crescimento acumulado no custo da cesta básica de Toledo de 13,43%.
“Esse acumulado é muito significativo, porque tivemos a inflação que fechou o ano de 2021 em 10,06%. Estamos há dez meses na pesquisa identificando um aumento no custo e os estudos apontam que em 2022 não tenhamos uma inflação tão alta como foi no ano passado. Contudo, a tendência nos próximos meses é de aumento nos preços dos alimentos, reflexo da estiagem e a quebra da safra”, explica a coordenadora da pesquisa, professora e doutora Crislaine Colla.
Os resultados da Pesquisa mostram que o custo da cesta básica individual passou de R$ 547,95 em dezembro de 2021 para R$ 554,22 em janeiro deste ano. No mês de janeiro, o salário-mínimo foi corrigido em 10,18% e passou a valer R$ 1.212,00. Isso significa que ocorrem mudanças nas relações de seu custo com o percentual do salário-mínimo e com o número de horas trabalhadas necessárias para adquirir a cesta básica. A melhora nos índices está relacionada ao aumento no valor do salário-mínimo e não por uma redução no custo da cesta básica.
Assim, verificou-se uma redução do percentual do salário-mínimo líquido que é necessário para adquirir a cesta básica para uma pessoa adulta, constatando que seria necessário 53,85% do salário-mínimo em dezembro/2021, quando o salário-mínimo era de R$1.100,00 e, para a mesma cesta em janeiro/2022, 49,44% do salário-mínimo, que passou a ser de R$1.212,00.
CUSTO – Assim como na cesta básica individual, houve aumento de 1,14% no custo da cesta básica familiar, passando de R$1.643,86 em dezembro do ano passado para R$ 1.662,66 em janeiro de 2022. A pesquisa ainda aponta que um trabalhador que ganha um salário-mínimo não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, uma vez que o valor de R$1.662,66 ultrapassa o valor do salário-mínimo vigente em 48,31%, não conseguindo arcar com as demais despesas domiciliares mensais.
“Com um custo maior da cesta básica, o desafio do trabalhador é fazer o cálculo para manter as despesa domésticas. “Ele tem que fazer substituições, escolher alimentos da época, trocar marcas mais caras pelas populares, enfim, é uma situação muito difícil porque limita as escolhas do trabalhador”, pontua a coordenadora.
A pesquisa aponta também que o valor do salário-mínimo necessário para adquirir a cesta básica e suprir as despesas domiciliares mensais referentes à habitação, ao vestuário, ao transporte, entre outras, em janeiro deveria ser de R$ 4.656,02.
PRODUTOS – Os produtos que apresentaram aumento no preço médio no período apontados na pesquisa foram: a batata (44,94%), o açúcar (10,54%), a farinha de trigo (4,30%), a carne (3,14%), o leite (3,13%) e a margarina (1,67%). Por sua vez, alguns produtos apresentaram redução no preço médio, que foram: a banana (-8,91%), o feijão (-5,81%), o arroz (-5,60%), o tomate (-4,23%), o pão francês (-1,67%), o óleo de soja (-0,36%) e o café (-0,35%). A pesquisa ressalta que a carne e a batata tiveram o maior impacto sobre a elevação do custo da cesta básica no período analisado.
“O aumento da batata é sazonal. Neste caso foi uma questão climática, um atraso na colheita em razão das chuvas em janeiro. No caso da carne, tivemos momentos de estabilidade com uma redução das exportação, mas agora o Brasil voltou a exportar a carne e a tendência é aumentar o custo deste alimento”, cita.
COMPARAÇÃO – No mês de janeiro, a Pesquisa mostra que o custo da cesta básica de Toledo foi maior que o de Recife, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos e mais barata que as demais cidades analisadas. Sendo assim, observou-se que o custo da cesta básica de Cascavel (R$ 565,10) foi 1,96% maior que o custo da cesta de Toledo (R$ 554,22).
Em janeiro, o custo da cesta básica de Toledo voltou a ser menor que o de Cascavel, pois observou-se um aumento do custo da cesta básica de Cascavel maior do que aconteceu em Toledo no período analisado. Por sua vez, ao comparar o custo da cesta básica de Toledo com a de São Paulo, que apresenta a cesta básica com maior custo em janeiro (R$ 713,86), analisa-se que a cesta de São Paulo tem um custo 28,80% maior que a de Toledo.
“Nós verificamos que depois de dois meses com redução, volta a subir o custo da cesta básica e essa tendência pode continuar. Nós esperamos que em um determinado momento possa reverter esse cenário e cabe ao consumidor a difícil tarefa de organizar o orçamento para fazer as despesas domésticas”, conclui Crislaine.
Da Redação