César Silvestri Filho critica a falta de liderança política no Estado

O ex-prefeito de Guarapuava César Silvestri Filho, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), é pré-candidato ao Governo do Estado do Paraná. Na semana passada, ele cumpriu uma agenda de compromisso em Toledo e na região e participou do Programa Fim de Tarde com o Editor no JORNAL DO OESTE. Filho comentou sobre a sua experiência política, os desafios e o que é possível fazer pelo Paraná.

O primeiro assunto abordado na live é o impacto no Partido diante da desistência do João Doria como pré-candidato à Presidência da República. Filho avalia a decisão de Doria como o fim de uma novela que se arrastava há meses. Ele explica que o Partido tentou importar o modelo americano das prévias. “O que acabou não dando muito certo. As prévias acabaram aprofundando uma divisão interna. As prévias acabaram e o nome foi escolhido, mas o partido não conseguiu se organizar e continuou fragmentado. Então existia um processo interno de divisão, uma candidatura que não tinha um apelo forte e, se tornou inviável”.

O pré-candidato ao Governo do Estado menciona que Doria teve uma decisão acertada e com grandeza pessoal em reconhecer a inviabilidade. “Assim, ele abre o caminho em um processo de convergência – da chamada terceira via – em torno de uma candidatura mais viável. É um gestor para o país para quebrar a polarização tão radicalizada. Daqui para frente vou acompanhar com atenção em como será o desdobramento em outros estados, qual será a intensidade que o PSDB vai incentivar a candidatura de outro partido (MDB) e qual será reciprocidade”.

De acordo com Filho, o PSDB deve apoiar a candidatura à presidência da República de Simone Tebet e especula-se que o partido deve indicar o nome do vice. “Eventualmente, entendo que se o MDB quer fortalecer a candidatura nacionalmente, o partido precisa estruturar os palanques nos estados”. Ele pondera que no Paraná, o MDB não terá candidato ao governo e deve apoiar o atual Governador do Estado. “Vai depender do gesto deles para pautar a nossa atuação”.

NO ESTADO – Sobre Filho ser pré-candidato ao cargo de governador do Paraná, ele recorda que começou na vida pública cedo, sendo deputado estadual com 29 anos de idade. Porém, aos 25 anos, foi candidato a prefeito e, na sequência, foi eleito como o prefeito mais jovem de Guarapuava. “Me elegi muito bem e com maior votação do Paraná. Deixei a Prefeitura com quase 80% de aprovação e fiz o sucessor”.

Por conta dessa trajetória de fortalecimento de uma cidade típica do interior do Estado, Filho decidiu colocar o seu nome disponível as eleições. “Criamos uma gestão inovadora e pautada em resultados palpáveis, isso fez com que a nossa gestão se credenciasse para participar de uma disputa estadual. Tenho alimentado este projeto e me preparado melhor. Hoje estou convencido que a nossa candidatura é importante para a política do Paraná e para o fortalecimento do nosso processo democrático”. Ele considera duas candidaturas poucas para representar o Estado e diante da complexidade em fazer a gestão do Paraná.

TERCEIRA VIA – Conforme Filho, no Paraná, não observa a polarização, e sim, a falta de opção. “A candidatura vem incrementar a disputa e apresentar uma nova proposta. Hoje, na atual situação, não existe divergência maior em termo de perfil de comportamento. A grande divergência minha com o atual governador é a maneira de ‘enxergar’ o Estado e a capacidade de realizar as políticas públicas”.

Ele enfatiza que Ratinho Junior se elegeu sem ser prefeito antes, por exemplo. “Sem ter a necessidade de demonstrar de maneira concreta. Ao chegar no Governo do Paraná, demonstrou a falta de experiência e acaba tendo uma gestão com baixo índice de realização com ações concretas. Termina o governo sem legado e sem marca. Eu, enquanto prefeito, mantive um ritmo de ações intensas e tenho marcas efetivas”.

EXPERIÊNCIA – Filho afirma que existe uma ausência acentuada do atual Governo do Estado com os municípios. “Um governo distante das realidades das cidades. Um governador que se isolou e ficou muito preso em Curitiba. Ficou pautado com os problemas do Palácio e se distanciou dos problemas da realidade das pessoas. Isso não é somente ausência física da figura do governador, e sim, das ações do Governo”.

Ele acrescenta que o atual Governo do Estado tem se pautado diante de ações consideradas importantes pela equipe. “Existe um baixo legado de ações que mudam e transformam as vidas das pessoas”.

Filho cita como exemplo que o atual Governo do Estado não se destacou em políticas habitacionais, realizou pouco investimento em saneamento básico, enfim. “Um Governo que se ausentou das políticas para o pequeno produtor rural, geração de renda e receita ao agronegócio. O Estado ainda regrediu na descentralização da saúde. O período da pandemia atrapalhou um pouco, mas ela acabou e não houve reação. Hoje, estamos com um acúmulo imenso de casos de pacientes aguardando por exames e cirurgias especializadas ou eletivas. São milhões de consultas represadas e o Governo não possui estratégia para realizar mutirões, ‘desafogar’ as filas e fortalecer o médio e grande porte dos municípios do Paraná”.

Filho não afirma que os projetos de Guarapuava o credenciam a ser governador, e sim, “o que me credencia é a minha forma de governar e de solucionar problemas; sempre buscando alternativas inovadoras e trazendo elementos novas para solucionar problemas antigos”.

Enquanto prefeito de Guarapuava, ele teve conquistas históricas, como aeroporto, curso de medicina, Teatro, entre outras. “Enfrentei problemas que perduraram por décadas e em oito anos solucionamos. Destaco a maneira encontrada de encarar cada problema e delegar as atividades para pessoas eficientes”.

Além disso, Guarapuava criou um ecossistema de inovação chamado Vale do Genoma. “Nós – do interior – podemos perder sistematicamente as grandes cabeças para os grandes centros. Isso pode nos fragilizar economicamente no futuro”, menciona o pré-candidato ao governo do Estado.

LIDERANÇA – Filho destaca que o Paraná não tem liderança política. “O atual governador busca a reeleição e a oposição já foi governador no passado. Existe um vácuo. Eu tenho ousadia em apresentar o meu nome como opção para o Paraná, porém existem as forças das correntes políticas para eu não ser candidato”.

Ele complementa que existe uma falência na política do Paraná. “Da capacidade de despertar em figuras novas e jovens para a política. Cidades sendo administradas por pessoas mais jovens. É preciso romper o ciclo, sobretudo, por ser uma proposta de candidatura vinda do interior. Há anos, o Paraná tem sido governado por lideranças que são de Curitiba. Isso é o reflexo da falência do interior em propor lideranças. O Estado deve assumir uma proposta de candidatura que vem com a força do interior”.

O pré-candidato ao Governo do Paraná relata que existe o desafio do interior em demonstrar o que é capaz de fazer. “A oportunidade de mostrar a visão contemporânea. Por sua vez, o enfraquecimento das forças políticas se reflete na economia. Basta ver que todo o investimento do Paraná foi atraído ou ficou no centro. Quase nada que foi direcionado pelo governo, foi atraído de fora.

Existe uma distorção”.

PEDÁGIO – Sobre o novo modelo de concessão ao pedágio, Filho explica que as regiões com menos infraestruturas serão as que pagarão as tarifas mais altas. “Existe um sucessão de erros no modelo de pedágio. O primeiro grande erro foi o Ratinho ter perdido o controle do processo e ter ‘jogado’ a responsabilidade ao Governo Federal, tanto que acabou o prazo da concessão, porém nada estava definido. Hoje, o governador Ratinho quer ‘jogar’ essa discussão para depois da eleição. Acredito que a tarifa será igual ou mais cara e com um agravante: mais praças”.

Ele salienta ainda a decisão equivocada do governador em deixar o contrato ser finalizado e sem previsão de manutenção das rodovias. “É necessário avançar em um modelo que permita ter um custo estadual de tarifa médio, pois diante do atual contexto, acredito que terá um custo tarifário proporcionalmente maior do que aquele do passado. Isso é grave, porque vai promover uma distorção de custos logísticos no Estado e tende a descentralizar”.

Segundo Filho, uma possível soluções é criar uma câmara de compensação tarifária para equilibrar o valor da tarifa em todo o Paraná. “Assim poderemos ter um custo médio de tarifa por quilômetro rodado e teremos mais justiça no processo e menos distorção”.

TARIFA ELÉTRICA – Com relação ao custo da tarifa elétrica. Filho destaca que a da região Sul do Brasil é considerada a maior. “No mínimo, precisamos trazer para a mesma realidade e aumentar a competitividade. A tarifa elétrica é cara, porque o governador possui uma visão equivocada de lucro. Grande parte do lucro está sendo distribuído ao invés de ser investido ou subsidiar a tarifa”.

Ele pondera que antes de reduzir a tarifa, é necessário pensar com seriedade em ampliar a qualidade de energia distribuída. “Hoje, quem sofre é o produtor rural. Muitos perdem peixes, aves, enfim, porque a energia caí e gera um grande prejuízo. É inaceitável ao Estado que é o maior produtor de energia do País essa situação. O Paraná tem uma dívida com o produtor rural. Por isso, o lucro deve ser reinvestido no sistema e buscar a redução da tarifa”.

Por fim, Filho comenta sobre o nome de seu pré-candidato ao cargo de vice. Ele menciona que os ‘casamentos’ devem acontecer mais no final do prazo. “Neste momento, estou aberto ao diálogo. Mas, já digo que farei aliança com quem tenha alinhamento e identidade política conosco. Não farei qualquer aliança em nome de um projeto de poder”.

Da Redação

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