Bruno Covas sai da intubação, mas segue na UTI

O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), foi transferido na manhã desta segunda-feira, 3, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, na capital, onde foi intubado após exames detectarem uma hemorragia na cárdia. Covas enfrenta desde outubro de 2019 um câncer metastático que atinge órgãos do sistema digestivo e, no mês passado, chegou aos ossos. O primeiro tumor havia sido detectado justamente na cárdia, válvula que fica próxima ao coração, entre o esôfago e o estômago. Ele foi extubado durante a tarde, mas segue em observação.

Covas decidiu neste domingo, 2, se afastar da Prefeitura pelo período de um mês para se dedicar ao tratamento. Ele foi internado em seguida, após conversar com os médicos e relatar fraqueza, além de dor. O vice-prefeito, Ricardo Nunes, já assumiu o cargo de forma interina. “Covas confia em mim”, disse nesta segunda ao Estadão.

Segundo o oncologista Tulio Pfiffer, que faz parte da equipe que acompanha o prefeito, o sangramento foi identificado durante uma endoscopia solicitada para pesquisar a origem de uma anemia que tem contribuído para Covas sentir-se fraco. O prefeito já havia sido sedado e intubado antes de ser submetido ao exame. Segundo o especialista, esse é o processo rotineiro para que as vias aéreas sejam protegidas em casos do tipo.

Após ser tratado com “medidas de hemostasia local”, que estancaram o sangramento, Covas foi então encaminhado à UTI ainda intubado. “Ele foi transferido por zelo e para ser avaliado de perto”, disse Pfiffer. “A sedação será tirada de forma gradativa até ele acordar e conforme o quadro evoluir”, disse o médico, no fim da manhã. O procedimento de extubação ocorreu antes do fim da tarde, após os médicos atestarem a estabilidade do quadro, mas o prefeito foi mantido na UTI.

Ainda de acordo com Pfiffer, o sangramento se deu no local da primeira lesão, ou seja, na cárdia, estrutura que funciona como uma válvula. O médico, no entanto, afirmou que o fato de o sangramento ter ocorrido no mesmo local do primeiro tumor “não significa necessariamente” nova piora da doença.

Também integrante da equipe médica, o infectologista David Uip explicou que o sangramento ocorreu especificamente numa úlcera localizada na cárdia, que surgiu após o tratamento do tumor. Ao Estadão, o ex-secretário estadual da Saúde afirmou que Covas está preocupado com a evolução da doença, assim como seus amigos e médicos. “Um tumor que sangra preocupa mesmo”, disse.

Tratamento

Em função da nova complicação no quadro do prefeito não é possível prever quando o tucano deve deixar a UTI ou mesmo retomar o tratamento contra o câncer, que teve de ser postergado. O prefeito tinha a internação programada para esta segunda para dar continuidade ao tratamento. O procedimento inclui uma combinação de quimioterapia e imunoterapia.

Diante dos efeitos adversos do processo, Covas decidiu se licenciar – em abril, ele ficou 12 dias internado no Sírio após descobrir uma evolução do câncer, que além de atingir ao menos cinco pontos do fígado, também se espalhou para ossos da bacia e da coluna. Um acúmulo de líquidos ao redor do pulmão e do abdômen, enfrentado com uso de um dreno, adiou sua alta, ocorrida apenas no dia 27.

Na Prefeitura, o clima é de tristeza. Apesar de considerado bastante fechado, Covas é querido entre os funcionários do gabinete, que acreditam na disposição do prefeito em vencer mais essa etapa da doença. Neste domingo, o tucano agradeceu o apoio que tem recebido pelas redes sociais. Afirmou ainda que a “vida tem lhe apresentado enormes desafios” e que agora, diante dos novos focos da doença, “seu corpo está exigindo mais dedicação ao tratamento, que entra numa fase muito rigorosa”.

O vice-prefeito, Ricardo Nunes, estava em reunião quando soube da internação na UTI. Neste primeiro dia como prefeito em exercício, não há previsão de agendas externas. A previsão é de mais reuniões ao longo do dia com o chamado “núcleo duro” do governo, do qual fazem parte os secretários Rubens Rizek, de Governo, Alexandre Modonezi, das Subprefeituras e Ricardo Trípoli, da Casa Civil.

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