Brasileiro de grupo de elite na OMS diz que novas pandemias são inevitáveis: ‘É Darwin na veia’
A OMS já havia criado um grupo de especialistas para determinar a origem do novo coronavírus responsável pela pandemia. Por que outro grupo?
O grande desafio geográfico, científico e político é saber de onde veio o vírus e como ele surgiu. Foi a mão humana? A Mãe Natureza? Foi disseminado propositalmente? Houve um vazamento (de um laboratório)? Não vamos excluir nenhuma hipótese, mas não temos uma agenda predeterminada. No entanto, só vamos avançar com a colaboração da China. Ninguém tem o poder de entrar e vasculhar gavetas, não é por aí. A gente vai precisar trabalhar com os cientistas e com o governo chinês. Eles têm de confiar no grupo.
O senhor participou do Projeto Viroma Global, lançado em 2018, que tinha por objetivo justamente identificar e sequenciar os vírus com potencial de causar uma pandemia. Se tivesse avançado, isso poderia ter evitado ou pelo menos previsto a pandemia?
Difícil dizer, mas talvez a montagem do “atlas” com todos os vírus circulantes estivesse mais avançada.
Mas os morcegos estavam na mira de vocês, não é?
Se estavam! A virologista Shi Zhengli, de Wuhan, participou de seminário na Fiocruz em meados de 2019, deu uma palestra ótima, com vários slides chamando a atenção para animais silvestres como hospedeiros e/ou reservatórios de vários vírus… Era como se estivesse apontando: ‘Olha o perigo aí, gente!’
O que mais o novo grupo pode fazer? Estabelecer diretrizes mundiais para o caso do surgimento de novos patógenos, por exemplo?
A OMS não tem poder de polícia, tudo se constrói com confiança, mas podemos criar diretrizes para os países. Por exemplo: podemos criar uma norma de comunicação imediata à OMS para a identificação de um novo patógeno.
Teremos uma nova pandemia?
Os vírus são talhados e preparados para se espalhar. É Darwin na veia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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