Bolsonaro nomeia filho de ex-ministro do STJ ao Conselho Nacional de Justiça
Com a nomeação, Mário Nunes Maia assume por dois anos a vaga de conselheiro destinada aos indicados da Câmara dos Deputados. Neste período, terá remuneração mensal de R$ 37,3 mil, quase o teto do Judiciário.
Segundo o currículo que submeteu ao Senado, o advogado, de 44 anos, tem três especializações na área jurídica pela PUC Minas Gerais e, atualmente, cursa mestrado na Universidade de Lisboa. Antes de atuar como advogado no Distrito Federal, função que passou a desempenhar em 2020, Mário Nunes Maia foi oficial de gabinete da Secretaria Geral no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), entre 2006 e 2007.
O documento também lista entre as atividades profissionais anteriores o cargo de assessor técnico da Procuradoria Geral de Justiça do Ceará, entre 2005 e 2006, e secretário da 1ª Câmara Cível do TJCE, entre 2000 e 2005.
A indicação ao CNJ foi aprovada no último dia 24 de agosto no Plenário do Senado, com 55 votos a favor e sete contra. Antes, em dezembro de 2020, recebeu aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, com 16 votos favoráveis e 10 contrários.
A nomeação de Mário Nunes Maia foi aprovada pela Câmara dos Deputados em outubro do ano passado, resultado de uma articulação iniciada três meses antes, com apoio direto de seu pai, segundo revelou o Estadão. A aprovação do advogado recebeu 364 votos e apoio de 12 partidos – Avante, DEM, MDB, PCdoB, PDT, PP, PSD, PSDB, PT, Rede, Republicanos e Solidariedade.
Indicação dividiu opiniões
Ainda em outubro de 2020, as associações dos Servidores do Supremo Tribunal Federal (Astrife) e do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho de Justiça Federal (ASSTJ) manifestaram apoio à nomeação.
“O advogado Mário Nunes Maia preenche todos os requisitos constitucionais para o cargo, sobretudo notório saber jurídico e uma conduta ilibada”, escreveu o presidente da Astrife, Osiel Ribeiro Silva, em ofício encaminhado ao então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Posição contrária foi firmada pelos juízes que integram a Associação Nacional para a Defesa da Magistratura (ADM). O grupo chegou a apresentar, em dezembro, uma ação coletiva à Justiça do Distrito Federal (DF) pedindo a suspensão da nomeação.
O pedido sustentava que a indicação feria “os princípios da moralidade e da impessoalidade” em razão da “falta de experiências” e do parentesco com o então ministro. A ação foi negada pelo juiz federal Renato Coelho Borelli, titular da 9ª Vara Federal Cível do DF. A decisão determinou que não compete ao Judiciário “dizer se o conselheiro escolhido preenche ou não os referidos requisitos, sob pena de ferir a separação entre os poderes”.
Questionada pelo Estadão ainda em dezembro, a assessoria de Mário Nunes Maia declarou que a indicação preencheu “todos os requisitos” necessários para a vaga no CNJ e que a aprovação na Câmara, que ocorreu dois meses antes, comprovaria a “confiança da maioria dos parlamentares na capacidade técnica do indicado para exercer a função”.
“O indicado Mário Nunes Maia tem um profundo respeito por opiniões divergentes e apreço pela magistratura nacional, o que se reflete em seus artigos e livros, frutos da dedicação em estudos da jurisprudência, da doutrina, dos julgados e da teoria jurídica brasileira. Os seus conhecimentos estão em plena sintonia com os anseios da Câmara dos Deputados com sua representação perante o CNJ”, afirmou a assessoria.
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