Bolsonaro diz que Michelle tomou vacina e volta a defender ‘tratamento precoce’

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 23, que a primeira dama Michelle Bolsonaro foi vacinada contra a covid-19. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o chefe do Executivo, que se declara não imunizado, ainda voltou a defender o chamado tratamento precoce para o novo coronavírus, algo sem eficácia comprovada pela ciência.

“Minha esposa, nos Estados Unidos, falou comigo se toma ou não toma a vacina. Dei minha opinião, não vou falar qual foi, mas ela tomou a vacina”, afirmou o presidente, sem deixar claro, contudo, se o imunizante foi aplicado em solo americano.

Bolsonaro ainda comentou sobre o teste positivo para covid-19 do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que acabou deixando toda a comitiva presidencial em isolamento até o final de semana. Segundo o presidente, foi ele quem deu a notícia a Queiroga. “Lamento informar, mas você está infectado. Você vai adotar o protocolo Mandetta, ficar aguardando sentir falta de ar para procurar um socorro, ou vai tomar uma providência?”, relatou Bolsonaro, que não quis contar qual foi a reação do ministro da Saúde.

Em seguida, Bolsonaro citou novamente o uso de medicamentos sem eficácia contra a covid-19. “Eu tomei. Se eu me sentir mal, vou tomar de novo”, afirmou, reiterando sua defesa do “tratamento off label” a partir de uma negociação entre médico e paciente. O chamado tratamento precoce já foi descartado pela ciência e é considerado uma questão superada pela imensa maioria dos pesquisadores.

O presidente da República ainda disse ter questionado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por ter recomendado quarentena a todos da comitiva presidencial após o teste positivo de Queiroga, inclusive vacinados. “Vocês não acreditam na vacina, na ciência?”, ironizou Bolsonaro.

Contudo, a vacinação, embora reduza muito a chance de complicações para a doença, não impede totalmente o contágio pelo novo coronavírus, como têm explicado reiteradamente os cientistas. “Quem tem mais chance de transmitir o vírus, eu, atualmente, ou o Queiroga vacinado? Não é uma exceção, é uma realidade”, completou Bolsonaro, sem citar estudos científicos para embasar sua afirmação.

Além disso, um dia após o Ministério da Saúde recuar e autorizar a vacinação de adolescentes, Bolsonaro voltou a criticar a imunização de pessoas de 12 a 17 anos. “Por que esse interesse em vacinar a garotada? Se tem estudo cientificamente comprovado, tudo bem. (…) Falei pro Queiroga que pra liberar vacina a adolescente tem que ter um estudo”, disse o presidente. A Anvisa já liberou a vacinação de adolescentes com imunizante da Pfizer, porque a empresa apresentou dados de segurança e eficácia para a faixa etária.

“Falta um comandante para isso aí. Eu queria ser esse comandante”, seguiu o presidente sobre os critérios de imunização, ao criticar a autonomia concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski a prefeitos e governadores para promover a imunização de adolescentes maiores de 12 anos.

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